postado em 10/03/2009 07:42
Um texto divulgado no site da fundação Prince;s Rainforest Project, do Príncipe Charles, transmite uma ideia da preocupação que o herdeiro do trono britânico mantém em relação à Amazônia. ;A floresta amazônica é lar para cerca de 7.500 espécies de borboletas, comparadas com apenas 65 no Reino Unido. Pelo menos 40 mil espécies de plantas, 3 mil de peixes, 1.294 de pássaros, 427 de mamíferos, 428 de anfíbios e 378 de répteis têm sido classificados cientificamente na região;, afirma. Tamanha importância a um dos maiores biomas do planeta colocou o Brasil mais uma vez na rota de Charles ; ele já havia visitado índios da tribo Carajás em 2002, na região de Palmas (TO). O ex-marido da princesa Diana iniciou ontem o tour de 10 dias pela América Latina com os propósitos de promover o desenvolvimento sustentável e alertar sobre os perigos das mudanças climáticas.
Charles e sua mulher, Camilla Parker-Bowles, a duquesa de Cornuália, chegam à Base Aérea de Brasília no início da tarde de amanhã. O casal será recebido pelos presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara dos Deputados, Michel Temer. Os compromissos seguintes serão uma recepção nos jardins da Embaixada do Reino Unido, tendo como anfitrião o embaixador Alan Charlton, e uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Planalto. À noite, ambos serão prestigiados por um jantar oferecido pelo chanceler Celso Amorim no Itamaraty.
Na quinta-feira, Charles e Camilla embarcarão para o Rio de Janeiro, onde vão conhecer a organização não-governamental Luta Pela Paz, na Favela Nova Holanda. Em discurso para empresários, ele alertará que um fracasso nos próximos oito anos deverá ter efeitos catastróficos para o planeta e lembrou que serão necessários 100 meses para salvar o mundo ; uma referência a danos irreversíveis ao meio ambiente. Os pontos culminantes da visita ao Brasil serão as passagens por Manaus e Santarém (PA).
O Ministério do Meio Ambiente confirmou ao Correio que as mudanças climáticas globais estarão no centro da visita. Existe a possibilidade de Charles se reunir com o ministro Carlos Minc, que pretende mostrar ao herdeiro do trono britânico o Plano Nacional de Mudanças Climáticas. O Brasil mantém um cronograma ambicioso para reduzir em mais de 70% as emissões de gases do efeito estufa até 2019. Segundo a assessoria do ministério, o governo brasileiro quer ver seu plano respaldado pelo Reino Unido, crítico contumaz das queimadas na Amazônia.
ONGs
As principais organizações não-governamentais de cunho ambientalista saúdam a chegada de Charles e Camilla. Secretária-geral da WWF no Brasil, Denise Hamú, disse que o Reino Unido tem sido protagonista na luta contra as mudanças climáticas. ;Em 2007, o governo britânico lançou o relatório Stern, com dados econômicos sobre as consequências do aquecimento global;, afirmou à reportagem, por telefone. ;A visita de Charles marca a aproximação entre Brasil e Inglaterra, também é uma forma de ele prestigiar o novo embaixador e retornar à Amazônia.;
Paulo Adário, diretor da campanha de Amazônia do Greenpeace, lembrou que o príncipe tem uma proposta ;interessante; de criar um fundo para combater o desmatamento. ;Ele fala em montar financiamentos que ajudem países em desenvolvimento a lutarem contra as mudanças climáticas. Em termos globais, seriam precisos US$ 30 bilhões por ano para reduzir as emissões em florestas tropicais de todo o mundo;, estimou.
O ativista descarta que Charles pressione o Brasil para conter as queimadas na Amazônia. ;Somos um país soberano, de responsabilidades globais, e estamos na velocidade correta;, disse Adário. Ontem, o príncipe e Camilla foram recebidos no Palácio La Moneda pela presidenta chilena, Michelle Bachelet, e assistiram ao lançamento de uma campanha de eficiência energética. Em seguida, Charles abordou o tema mudanças climáticas com empresários. O casal segue hoje para Valparaíso, o principal porto do Chile, a 120km da capital.