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Ameaça de grupos armados no Ulster continua presente

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postado em 10/03/2009 14:11
LONDRES - A assinatura dos Acordos da Sexta-feira Santa, em 1998, pôs fim à violência política generalizada que deixou mais de 3.500 mortos na Irlanda do Norte, mas a ameaça de grupos armados continua bem viva, como provam as mortes de dois soldados e um policial em três dias. Em 28 de julho de 2005, o Exército Republicano Irlandês (IRA), braço armado dos católicos que reclamavam a adesão da província à Irlanda, ordenava a seus militantes que abandonassem a luta armada. A decisão abriu caminho para a aplicação efetiva dos Acordos de Sexta-Feira Santa, assinados em 10 de abril de 1998, e, em 8 de maio de 2007, protestantes e católicos inauguravam em Belfast um governo compartilhado do Ulster. As armas, no entanto, não se calaram totalmente: militantes do IRA fundaram várias facções dissidentes e se mantiveram na luta. "A ameaça vem sobretudo de organizações republicanas dissidentes, e, principalmente, do IRA Autêntico", explicou à AFP Adrian Guelke, professor de política comparada da Queen's University de Belfast. O IRA Autêntico reivindicou o atentado cometido na noite de sábado contra um quartel do exército britânico, a 25 quilêmtros de Belfast, que matou dois soldados. Quando o IRA ainda estava ativo, fornecia informações sobre os dissidentes, mas, desde 2005, o grupo está "numa posição não tão boa para controlar as coisas", destacou Guelke. "As forças de segurança estão preocupadas por ver que nem eles dispõem mais da mesma quantidade de informação à qual tinham acesso no passado", disse, referindo-se ao IRA. A Comissão Independente de Controle (IMC, na sigla em inglês) elabora dois relatórios por ano sobre a atividade paramilitar, sejam milícias católicas ou grupos protestantes que querem que a Irlanda do Norte se mantenha como parte do Reino Unido. Em seu último relatório, a IMC alerta para um recrudescimento da atividade dos dissidentes republicanos. Entre os mais fortes constam o IRA Autêntico, o Oglaigh na HEireann e o IRA da Continuidade, que reivindicou o assassinato do policial morto na noite de segunda-feira. O IRA da Continuidade "organiza e participa de uma série de atividades criminais graves, como tráfico de drogas, roubo, sequestros, contrabando...", denuncia o IMC. Quanto aos protestantes que defendem a manutenção do Ulster como província britânica, estes "já não são muito ativos", segundo Guelke, lembrando que a Ulster Defence Association (UDA) encerrou suas atividades em 2007. "Porém, continuam existindo redes e o sentimento de que algumas zonas de Belfast continuam sendo objeto de um certo grau de controle paramilitar", ponderou. A IMC informa ainda que alguns quadros da UDA querem sair da ilegalidade. Em troca, os militantes da Loyalist Volunteer Force estão fortemente envolvidos em atividades criminais como o tráfico de droga. A Ulster Volunteer Force "já não está envolvida na preparação de atentados ou em atividades terroristas", afirma a IMC. A comissão, no entanto, adverte que alguns grupos unionistas ficam reticentes em entregar as armas. E as características do atentado de sábado, que feriu não só soldados, mas também civis - os entregadores de pizza.

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