postado em 10/03/2009 16:25
O grupo republicano norte-irlandês dissidente IRA Continuidade reivindicou o assassinato de um policial no Ulster, o segundo atentado na província em 48 horas, anunciou a agência britânica Press Association.
Horas mais tarde, a polícia anunciou que um jovem de 18 anos suspeito de estar envolvido no assassinato preso e levado para uma delegacia de Craigavon, uma localidade a 30 km a sudoeste de Belfast, onde teve lugar o assassinato do policial.
"Enquanto os britânicos estiverem na Irlanda, os ataques continuarão", advertiu o IRA Continuidade em uma mensagem codificada na qual reivindica o assassinato do policial na noite de segunda-feira.
A morte do policial, com um tiro na cabeça, aconteceu dois dias depois de um ataque do IRA Autêntico, outra dissidência do IRA contrária ao processo de paz, contra um quartel britânico a 25 km de Belfast que matou dois soldados.
O agente, identificado como Stephen Paul Carroll, 48 anos, foi morto quando patrulhava um conhecido reduto dos nacionalistas republicanos em Craigavon, 30 km ao sudoeste de Belfast.
No sábado à noite, dois soldados foram assassinados ao noroeste de Belfast em um atentado reivindicado por outro grupo dissidente republicano, o IRA Autêntico.
Este foi o primeiro assassinato de um soldado na província em 12 anos.
Carroll foi o primeiro policial assassinado desde que o Serviço de Polícia da Irlanda do Norte substituiu, em 2001, o Royal Ulster Constabularly, a agência de polícia britânica.
Um parlamentar advertiu que a província está "à beira do precipício", mas o primeiro-ministro britânico Gordon Brown afirmou que a região não volverá aos "velhos tempos", em uma referência às três décadas de violência política que mataram mais de 3.500 pessoas.
Brown condenou os assassinos do policial morto com um tiro na cabeça na região de Belfast e insistiu que a província "não voltará aos velhos tempos".
Já o primeiro-ministro da província da Irlanda do Norte, Peter Robinson, afirmou estar enojado com a situação.
"Sinto-me enojado com as tentativas de desestabilizar a Irlanda do Norte", afirmou Robinson, do Partido Democrático Unionista (DUP, protestante).
"Não permitiremos que os responsáveis por estes atos criminosos levem a nossa província ao passado", completou, antes de descrever o atentado como um "ato diabólico".
O ministro britânico para a Irlanda del Norte, Shaun Woodward, afirmou "o pequeno grupo de pessoas que se nega a aceitar a mudança não conseguirá deter o progresso".
"É verdadeiramente diferente do passado. Hoje a Irlanda do Norte está unida", concluiu.
A violência política no Ulster, que em 30 anos matou mais 3.500 pessoas, praticamente acabou com assinatura dos Acordos de Paz da Sexta-Feira Santa, em 10 de abril de 1998.
O IRA Continuidade e o IRA Autêntico são dissidências do IRA, o Exército Republicano Irlandês (IRA), que entregou as armas e era o braço armado do partido político Sinn Fein (católicos), que compartilha o poder no Ulster com seus antigos inimigos do Partido Democrático Unionista (DUP, protestante).
O IRA Autêntico cometeu o pior atentado jamais visto na Irlanda do Norte, em Omagh, no qual morreram 29 pessoas.