postado em 11/03/2009 08:05
O senador Eduardo Frei, ex-presidente do Chile e provável candidato da coalizão de esquerda (Concertación) para substituir a presidenta Michelle Bachelet, procurou transparecer, durante sua visita a Brasília, confiança em mais uma vitória sobre os partidos de direita. ;Basta de chorar. Não quero uma Concertación deprimida, chorosa. Governamos por 20 anos e podemos seguir governando;, disse. A aliança deve definir entre abril e maio quem enfrentará o candidato da direita, Sebastián Piñera, que saiu na frente na campanha presidencial. Uma pesquisa de opinião da Imaginacción Consultores divulgada na semana passada aponta que Piñera está com 38,6% das intenções de voto e Frei tem 25%.
Frei não tem medo da vantagem da oposição, que, segundo ele, pensava que ;a corrida estava ganha;. ;Há três meses tínhamos uma Concertación que via tudo muito mal, com um estado de ânimo para baixo. E depois de três meses na concorrência, agora estamos muito otimistas e contentes;, disse o senador. Após dirigir o país de 1994 a 2000, o democrata-cristão decidiu continuar na política e não teme assumir um cenário adverso, fruto da crise econômica mundial, caso vença o pleito de dezembro. ;Eu tinha duas opções: ou me aposentar ou seguir na primeira linha de combate. Se o partido me escolheu é porque acredita que sou a melhor carta que tem.;
Os anos de ditadura militar no Chile marcaram os partidos de direita negativamente. Questionado pelo Correio se o país está preparado para voltar a um governo de direita, Frei lembrou que o debate existe desde os anos 1990 e que a coalizão conseguiu se manter à frente do poder. ;O discurso sempre foi o de que a Concertación era uma aliança eleitoral instrumental para retornar à democracia, que duraria plebiscito, um governo e depois acabaria;. O pré-candidato também considera que a direita sempre volta ao passado. ;Eu penso que a grande maioria dos chilenos sabe o que foi a participação e apoio da direita no governo militar.;
Sobre os projetos nacionais, Frei acredita que será fundamental preparar uma nova Constituição que reflita os valores democráticos atuais e alterar o mandato presidencial para seis anos ; ou então quatro anos com possibilidade de reeleição, hoje inexistente. Diplomático, ele preferiu não dizer qual possível candidato à Presidência brasileira gostaria de ter como futuro colega, se eleito. Mas admitiu que a Concertación tem uma relação positiva com Lula, o qual encontrará na Cúpula de Líderes Progressistas, neste mês, no Chile. ;Certamente a oposição vai reclamar, dizer que estou em intervenção eleitoral. Mas (%u2026) somos parte do mundo do progresso. Se outros não são, a culpa não é nossa.;
Apelo por integração
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem em Brasília o presidente do Uruguai, Tabaré Vazquez. Ambos querem mais integração e menos protecionismo para combater a crise mundial. ;Quem crê que se salvará com protecionismo vai acabar afundando sua economia a médio prazo; , ressaltou o brasileiro. Funcionários da delegação uruguaia revelaram a insatisfação de Tabaré com os vizinhos argentinos, que vêm aplicando restrições às importações de outros membros do Mercosul. Na área energética, Lula e Tabaré Vázquez pretendem estreitar a cooperação para o desenvolvimento de biocombustíveis, levar adiante um projeto de interconexão elétrica e expandir a participação da Petrobras na exploração e distribuição de gás no Uruguai.