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Cuba não comenta flexibilização das restrições à ilha decidida pelos EUA

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postado em 11/03/2009 12:35
HAVANA - O jornal oficial Granma afirmou nesta quarta-feira (11/03) que o governo de Barack Obama ratificou o "bloqueio" imposto a Cuba ao multar uma filial da empresa francesa Lactalis, mas até agora a imprensa da ilha não informou sobre a flexibilização das restrições por parte dos Estados Unidos decidida na véspera. Granma cita a imprensa de Miami para informar que o Birô de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro sancionou a empresa de queijos e produtos lácteos francesa por descumprir as regulações do embargo ao "fazer transferências financeiras eletrônicas nas quais Cuba tinha interesse" entre fevereiro de 2004 e março de 2007. "Apesar das múltiplas pressões para que sejam revisadas as práticas comerciais do bloqueio, a agência americana acaba de penalizar com uma multa de 20.950 dólares a companhia Lactalis USA, filial americana do gigante francês Lactalis", afirma o Granma. "Trata-se da primeira sanção imposta pelo departamento do Tesouro a uma entidade por seus nexos com a nação caribenha desde que o presidente Barack Obama assumiu a Casa Branca, com o que se ratifica a política de bloqueio à maior das Antilhas", destaca o jornal. No entanto, o órgão do Partido Comunista (PCC), assim como o resto da mídia cubana se abstiveram até agora de mencionar a decisão do Congresso dos Estados Unidos que flexibilizou nesta terça-feira as restrições impostas sobre viagens de cidadãos americanos a Cuba, relaxando também as condições para a venda de remédios e alimentos à Ilha. Na prática, o Congresso revogou uma medida adotada em 2004 pelo então presidente, George W. Bush. A decisão faz parte da aprovação de um orçamento de 410 bilhões de dólares para cobrir gastos previstos pelo governo em 2009, e deverá ser ratificada pelo presidente Barack Obama. Aprovada com o orçamento por 62 votos contra 35, a medida determina que não se pode utilizar verbas públicas para restringir as viagens de cidadãos americanos a Cuba, e permite que o regime castrista compre comida e remédios sem pagamento adiantado, como ocorria até o momento. O orçamento de 410 bilhões de dólares, que cobrirá gastos até setembro próximo, quando termina o ano fiscal de 2009, já tinha passado pela Câmara de Representantes. Esta flexibilização é o primeiro passo da abertura da administração Obama diante do Estado comunista cubano, inimigo histórico dos Estados Unidos e sobre o qual pesa um embargo desde 1962. A partir de agora, os cidadãos americanos estão autorizados a viajar uma vez por ano à Ilha. Pela lei aprovada em 2004, só podiam fazê-lo uma vez a cada três anos. A nova legislação também amplia a autorização de viagem a Cuba para primos, sobrinhos e tios de residentes na Ilha, além de pais, filhos e netos. A lei autoriza ainda um aumento do gasto diário na Ilha de 50 dólares para 179 dólares. Na questão das exportações de alimentos e remédios, a nova legislação acaba com a exigência de pagamento adiantado pelas mercadorias. Durante a campanha presidencial, Obama defendeu a flexibilização das sanções contra Cuba e propôs o diálogo ao governo de Raúl Castro em troca de avanços democráticos, como a libertação de presos políticos.

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