postado em 11/03/2009 16:57
O presidente Nicolas Sarkozy anunciou nesta quarta-feira, em Paris, o retorno da França ao comando militar da Otan "no interesse da França e da Europa".
A França havia deixado a estrutura militar da Otan em 1966, sob a presidência do general Charles de Gaulle, permanecendo, no entanto, membro da Aliança Atlântica.
"Chegou o momento de pôr fim a esta situação, no interesse da França e da Europa", declarou Nicolas Sarkozy, em discurso pronunciado em Paris, na Escola Militar.
"Concluindo este longo processo, a França será mais forte e mais influente. Por que? Porque as ausências são sempre erradas, porque a França deve liderar em conjunto mais do que se submeter. Porque devemos estar no local onde são tomadas as decisões e normas, mais do que esperar de fora e sermos notificados", afirmou.
"Uma vez lá, manteremos nosso lugar nos grandes comandos aliados", acrescentou.
"Manteremos nossa dissuasão nuclear independente", insistiu.
"A decisão nuclear não se partilha", disse ele.
Segundo o presidente francês, o retorno completo da França na Otan passou por um longo caminho, marcado principalmente pela participação de soldados franceses nas principais operações da Aliança, na extinta Iugoslávia e no Afeganistão.
Insistiu também em que esta decisão não prejudicará em nada a independência nacional. "Os que dizem que nossa independência será questionada enganam os franceses", declarou.
Qualificou de "mentiras" as análises segundo as quais o retorno completo à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) representava um alinhamento com os Estados Unidos e ume traição às ideias do general de Gaulle, de quem ele é um dos herdeiros políticos.
"Somos aliados, mas aliados de pé", insistiu, a propósito da relação com Washington.
"A guerra do Iraque nada tem a ver com a Otan", disse, destacando que a Alemanha, membro da estrutura militar da Aliança, era contra a guerra no Iraque em 2003, recusando-se a participar dela, e numa situação semelhante, a França poderia fazer o mesmo.
O presidente francês também estimou que esta decisão facilitará o desenvolvimento da defesa europeia. A ambição francesa de promover a capacidade militar da União Europeia "por longo tempo despertou desconfiança na Europa e nos Estados Unidos", em razão da posição singular de Paris na Aliança Atlântica, afirmou.
Esta decisão sobre a Otan será submetida a um voto de confiança na Assembleia Nacional na próxima quarta-feira. A direita dispõe de uma ampla maioria, e a medida tomada pelo presidente Sarkozy deverá ser aprovada, apesar da oposição de alguns eleitos de suaa família política e do conjunto da esquerda.
Após a votação, "escreverei a nossos aliados para comunicá-los", precisou Nicolas Sarkozy.
Os chefes de Estado e de governo da Otan vão se encontrar em seguida em Estrasburgo (leste da França) e em Kehl (oeste da Alemanha) para uma reunião de cúpula, nos dias 3 e 4 de abril, na presença do presidente americano Barack Obama. Na ocasião, será comemorado o 60º aniversário da Aliança Atlântica.