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Pai brasileiro luta para rever as filhas levadas aos EUA

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postado em 14/03/2009 09:03
Enquanto o norte-americano David Goldman tenta reaver a guarda do filho que nasceu do casamento com a carioca Bruna Bianchi, o brasileiro Thales de Azevedo Leite luta pelo direito de conviver com as três filhas que teve com a norte-americana Kelly Ann Sabini e que hoje vivem em Boston, nos Estados Unidos. ;Sou muito solidário ao David. É inadmissível que a Justiça brasileira ainda dê cegamente prioridade à mãe na hora de dar a guarda;, disse Thales ao Correio. O ex-assessor parlamentar conheceu Kelly em Brasília. Por aqui, eles se casaram e tiveram três filhas: as gêmeas Olivia e Giovanna, de 10 anos, e Sophia, de 8. ;Eu quis ser pai e tenho um amor profundo pelas minhas filhas. É cruel a decisão da Justiça brasileira;, diz ele.

Segundo Thales, os dois se divorciaram em novembro de 2007 e fizeram um acordo na 3; Vara de Família do Distrito Federal que garantia ao pai o direito de convívio com as meninas. Depois, o órgão teria decidido que Thales deveria arcar com pensão equivalente a 12 salários mínimos, mas ele afirmou não ter condições. Atualmente, ele paga R$ 930. A americana teria então alegado na 1; Vara da Infância e Juventude(VIJ) do DF que Thales havia abandonado as meninas. ;Ela disse na petição que ia passar seis meses nos EUA. O juiz (da Vara da Infância) autorizou a saída dela três vezes. Na terceira, ele a deixou ficar lá;, conta Thales.

A Supervisão de Comunicação Institucional da VIJ do DF informou ao Correio que tramitou o assunto relativo à autorização de viagem para passar um tempo no exterior. O pedido havia sido feito por Kelly, que recebeu a guarda das crianças no âmbito da Vara de Família. ;É importante lembrar que o direito de visita do pai/mãe não será prejudicado, nem mesmo contraria decisão proferida em processo de guarda, tratado pelas varas de família. Tanto um, como outro têm direito de ir e vir;, informou a VIJ.

Thales questiona o motivo de Kelly ter deixado o Brasil, uma vez que ela recebia cerca de R$ 6 mil pelo trabalho na Escola Americana e possuía condições de viver no país. Ele acredita que a mãe das meninas pretendia afastá-las dele. ;Os casamentos binacionais são uma tendência mundial, com as idas e vindas das pessoas. Mas você decide com essa pessoa onde vai morar e vai criar os filhos. Nós tínhamos decidido viver em Brasília.; Ele revelou que pretende entrar com uma ação na Justiça dos EUA.

Procurada pela reportagem, Kelly afirmou estar chocada com o procedimento do ex-marido de divulgar a foto das filhas e sustentou que ele precisa de ajuda psicológica. ;Não tenho nenhum problema legal, nem de consciência;, defendeu-se. Questionada se permitiria a Thales ver as filhas, ela respondeu: ;Ele é quem não paga alimento como foi mandado judicialmente. Ele tem o direito de visitação, elas falam com ele por telefone. Ele é quem não quer instalar o Skype para poder vê-las;, disse Kelly, referindo-se a um programa de videoconferência pela internet.

Globalização
O advogado Marcelo Almeida explica que o fato de a mãe conseguir uma tutela no plano nacional e se valer dela para restringir a visita do pai é uma extrapolação da decisão judicial. ;O que o Estatuto da Criança e do Adolescente prega é que as crianças têm que ter contato com os pais;, afirma o advogado. Almeida ressalta que quando há um conflito entre pessoas na esfera internacional, existem regras específicas. ;Com a globalização, os interesses individuais passam a ser transnacionais. É por isso que a ONU tem grande preocupação em regulamentar pactos sobre essas relações intersubjetivas.;

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