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'Monstro' austríaco admite incesto e estupro mas nega assassinato

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postado em 16/03/2009 09:26
SANKT POLTEN - O austríaco Josef Fritzl, pai incestuoso que durante 24 anos manteve sequestrada a filha no porão de sua casa em Amstetten, leste da Áustria, se declarou culpado de incesto, estupro e sequestro, mas não de assassinato e escravidão, no primeiro dia do julgamento em Sankt Polten. "Não sou culpado", respondeu Fritzl quando a presidente do tribunal perguntou se era culpado de assassinato e escravidão. Fritzl, 73 anos e chamado de 'monstro' pela imprensa austríaca, que teve sete filhos com a filha Elisabeth durante 24 anos de abusos sexuais, negou assim a responsabilidade na morte de um dos recém-nascidos em 1996 no porão do prédio de Amstetten onde mantinha a vítima encarcerada. O bebê, que sofria de graves problemas respiratórios, faleceu por falta de cuidados médicos, segundo Elisabeth. No primeiro interrogatório depois da descoberta do caso estarrecedor em 26 de abril de 2008, Fritzl admitiu ter queimado o corpo da criança em uma caldeira do edifício. O acusado também se declarou inocente de escravidão, acusação utilizada pela primeira vez na Áustria, por ter tratado a filha "como uma propriedade" A acusação de assassinato pode levar a uma pena de prisão perpétua e a de escravidão entre 10 e 20 anos de prisão. As acusações de incesto, estupro e sequestro levariam a uma pena máxima de 15 anos de reclusão. Fritzl também se disse inocente de assalto com agravantes por ter ameaçado seus prisioneiros de morte com um gás em caso de tentativa de fuga do calabouço subterrâneo de 40 metros quadrados, sem janelas nem ventilação e protegido por uma série de portas com fechaduras eletrônicas. "Não disse isto", afirmou. Para justificar as ações, Fritzl contou ao tribunal sua "infância difícil" ao lado de uma mãe solteira que não queria um filho e que o maltratava. "Minha mãe não gostava de mim. Já tinha 42 anos. Simplesmente não queria filhos e me tratou assim. Me agredia", explicou com voz serena. Aos 12 anos anunciou à mãe que não permitiria ser mais tratado daquela maneira e que se defenderia. "A partir de então, me transformei em um demônio para ela", contou. Vestido com um terno cinza, Fritzl chegou ao tribunal de Sankt Polten, 60 km ao oeste de Viena, cercado de seis policiais e escondendo o rosto atrás de uma pasta de arquivo azul. A juíza Andrea Humer, que preside as audiências, que se prosseguirão até 20 de março, é uma especialista em crimes sexuais. A magistrada, auxiliada por outros dois juízes, abriu os procedimentos às 8H27 GMT (5H27 de Brasília) no que está sendo chamado de "julgamento do século" na Áustria. Ao lado de Humer estavam o promotor Christiane Burkheiser, os oito componentes do júri, o acusado, o advogado de defesa e os advogados das vítimas, que se apresentam como acusação civil. As vítimas não comparecerão pessoalmente ao tribunal. O depoimento da principal delas, Elisabeth, a filha de Fritzl que hoje tem 42 anos, foi filmado e as 11 horas de vídeo serão exibidas por partes ao tribunal nos próximo dias. Durante o julgamento, Elisabeth e os seis filhos, que não querem enfrentar a curiosidade da imprensa, voltaram para a clínica psiquiátrica onde a família morou até o fim de 2008.

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