postado em 17/03/2009 08:04
SANKT-POLTEN - O austríaco Josef Fritzl, que durante 24 anos manteve a filha Elisabeth em cativeiro, a violentou várias vezes e teve sete filhos com ela, enfrenta nesta terça-feira (17/03), no segundo dia do julgamento, o depoimento dela em vídeo, que será exibido a portas fechadas para proteger a identidade das vítimas.
O julgamento do 'monstro de Amstetten', que acontece em Sankt Polten (60 km ao oeste de Viena), deve ter o veredicto anunciado na quinta-feira ou sexta-feira.
O advogado de Fritzl, Rudolf Mayer, entrevistado pouco antes da abertura da sessão, afirmou que o cliente "já disse tudo" e não fará comentários sobre o depoimento da filha.
Como na véspera, Josef Fritzl manteve nesta terça-feira o rosto oculto atrás de uma pasta de arquivo azul diante das câmeras do canal de televisão austríaco ORF, o único autorizado a filmar a entrada da sala de julgamento.
Fritzl, que no primeiro dia do processo se declarou culpado de incesto, estupro e sequestro, mas negou as acusações de assassinato e escravidão, será confrontado com o depoimento da filha, um vídeo de 11 horas.
A exibição do vídeo, no qual a vítima fala do "martírio inimaginável" infligido pelo pai, que a usava como "um brinquedo", segundo as palavras da promotora Christine Burkheiser, deve ser concluída na quarta-feira ou quinta-feira.
Fritzl manteve Elisabeth, hoje com 42 anos, sequestrada durante 24 anos no porão de seu prédio em Amstetten, 130 km ao oeste de Viena, abusando sexualmente dela durante todo o tempo. Dos sete filhos que a vítima teve, um faleceu poucos dias depois do parto por falta de cuidados médicos.
Após a leitura na segunda-feira das 27 páginas da ata de acusação, Fritzl negou a responsabilidade na morte em 1996 de um dos filhos do incesto, ao qual teria negado cuidados médicos dois dias depois do nascimento.
O assassinato pode ser punido com prisão perpétua na Áustria.
Além do depoimento da filha de Fritzl será exibido ainda um curto depoimento de um irmão de Elisabeth, Harald, que também foi gravado.
Os filhos de Elisabeth e outros irmãos se negaram a testemunhas, assim como a esposa de Fritzl, Rosemarie, como permite a lei austríaca.
O tribunal pode ainda pedir a ajuda da psiquiatra Adelheid Kastner, que em uma análise determinou a responsabilidade penal do acusado, ao mesmo tempo em que destacou a presença de problemas de personalidade.
As conclusões dela podem ser fundamentais para o veredicto do que está sendo chamado de 'julgamento do século' na Áustria.
Perguntado sobre a reação do réu ao depoimento gravado da filha, o porta-voz do julgamento Franz Cutka, disse apenas que ele ouviu "com atenção".
"O acusado foi questionado sobre alguns pontos, e deu seus pontos de vista", acrescentou.
Cutka também não quis falar sobre a reação dos jurados ao vídeo.
Ao abrir os trabalhos do tribunal na segunda-feira, a promotora Christiane Burkheiser entregou aos membros do júri uma caixa, contendo objetos retirados do porão, em Amstetten, cujo mau cheiro fez com que torcessem o nariz.