postado em 18/03/2009 16:09
A reciclagem de água servida, para transformá-la direta ou indiretamente em água potável, tropeça nas reticências dos consumidores, segundo os participantes do Fórum Mundial da Água, em Istambul.
"As pessoas detestam imaginar que estão bebendo água que pode ter vindo do esgoto", resume Gerad Payen, membro do Conselho Consultor para a Água e o Saneamento da Secretaria Geral da ONU.
"Existe um bloqueio psicológico sério, mas isso será superado pouco a pouco", afirma.
Em Windhoek, capital da Namíbia, um país árido da África austral, a reciclagem já funciona com sucesso há anos.
Em outros lugares, e ainda que seu uso na indústria e na irrigação se desenvolva rapidamente, esse tipo de água "que vem das privadas e torneiras", como dizem seus detratores, é visto com grande desconfiança.
Há três anos, os habitantes da cidade australiana de Toowoomba rejeitaram em um referendo a idéia de reciclar a água servida para transformá-la em potável. Mas a Austrália, país afetado por secas frequentes, não abandonou a idéia.
Diante do crescimento exponencial da demanda, a água dos mares e a água servida surgem como recursos a serem explorados.
"Tecnicamente, sabemos como fazer, através da reciclagem, água perfeitamente potável", explica Antoine Frérot, diretor geral da Veolia Agua, empresa bastante presente no setor.
Frérot destaca que a reciclagem da água servida "consome menos energia que a dessalinização e evita a poluição".
Diante da resistência das pessoas, no entanto, algumas cidades optaram pela reutilização "indireta" da água servida, fazendo com que passem por um rio, uma represa ou uma reserva antes de fazê-la chegar às torneiras.
"Há uma passagem por um 'meio natural' que, por um lado, permite superar a barreira psicológica e, por outro, melhora a reciclagem graças ao ecossistema", explica Jacques Labre, diretor de relações institucionais da empresa francesa Suez Meio Ambiente.