postado em 20/03/2009 14:26
BRATISLAVA - Uma mulher está, pela primeira vez, na lista de candidatos favoritos das eleições presidenciais na Eslováquia, antigo país comunista impregnado de tradições conservadoras, agora sob a influência de uma poderosa Igreja católica.
Sete candidatos disputarão o primeiro turno, que acontece neste sábado, mas apenas dois passarão ao segundo turno, no dia 4 de abril: de acordo com as pesquisas, serão o atual presidente, Ivan Gasparovic, de 67 anos, e a candidata da oposição, Iveta Radicova, de 52 anos, que possuem, respectivamente 50% e 30% das intenções de voto.
A campanha eleitoral não contou com muito entusiasmo da população, já que a função presidencial é apenas honorária na Eslováquia, uma democracia parlamentar, criada após a dissolução da antiga Tchecoslováquia.
Gasparovic, um jurista, pode ser reeleito ainda no primeiro turno se conseguir mais da metade dos votos. Neste caso, Radicova, socióloga e deputada democrata-cristã, deve se beneficiar do novo desenho dos apoios políticos no país.
"Ivan Gasparovic representa a continuidade, o passado comunista e a atual coalizão governamental, enquanto Iveta Radicova encarna uma mudança de política e geração", estima Olga Gyarfasova, cientista política do Instituto de Assuntos Públicos.
No entanto, "muitos acreditam que a Eslováquia ainda não está pronta para ter uma presidente mulher, incluindo as próprias mulheres", afirma a psicóloga Jana Porubcova, da Universidade UCM.
Além disso, Iveta Radicova provocou a ira de muitos sacerdotes católicos por sua posição em relação ao aborto, considerada permissiva demais - apesar de ter votado a favor de uma regulamentação mais rígida sobre a interrupção voluntária da gravidez, a candidata se negou a condenar o ato.
O país de 5,4 milhões de habitantes, no qual os aposentados representam um quarto dos votos, Iveta Radicova optou por uma ampla campanha de cartazes, além de um forte ativismo na internet para conquistar os jovens e um plágio do lema de Barack Obama: ela também diz "Yes, we can" ("Sim, nós podemos").