postado em 21/03/2009 08:10
Se Estados Unidos e Irã retomarem o diálogo direto, com vêm acenando os líderes dos dois países, será o fim de 30 anos de estranhamentos diplomáticos iniciados com a revolução de 1979, que pôs fim a 2 mil anos de monarquia e substituiu-a pela República islâmica. Desde a década de 1950, americanos e britânicos apoiavam sem reservas a ditadura do xá Mohammad Reza Pahlavi, inclusive patrocinando um golpe de Estado contra o premiê nacionalista Mohammed Mossadegh, em 1954.
Religiosos muçulmanos tradicionalistas e defensores da democracia, inclusive a esquerda laica, eram duramente perseguidos. O quadro político interno e as relações exteriores do Irã mudam no início com o retorno do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder religioso exilado por 14 anos no Iraque e na França. Khomeini é o catalisador da revolução, que de início une os religiosos xiitas e a esquerda laica. O novo regime combate as influências ocidentais. As relações com os Estados Unidos entram em colapso em novembro de 1979, quando estudantes radicais invadem a embaixada americana em Teerã e tomam como reféns 53 funcionários e diplomatas.
As relações diplomáticas são rompidas em abril de 1980. No mesmo ano, o Irã é invadido pelo Iraque de Saddam Hussein, dando início a uma guerra que durará oito anos. Teerã acusa o Ocidente de ter apoiado o ditador de Bagdá. Na história mais recente, durante os dois mandatos de George W. Bush, entre 2001 e 2008, as relações entre os dois países ficaram ainda mais tensas. Na guerra contra o terrorismo, marca registrada de seu governo, Bush incluiu o Irã na lista de inimigos apelidada de ;Eixo do Mal;. Em 2005, o radical Mahmud Ahmadinejad chega à para presidência do Irã, e os EUA respondem articulando pressão internacional contra o programa nuclear iraniano.
Os EUA argumentam que se trata de uma ameça mundial, e Ahmadinejad garante que o programa tem fins pacíficos. Irã e EUA também têm desafetos quando o assunto é Israel, um dos principais aliados militares dos americanos. Constantemente, Irã e Israel trocam ameaças e declarações de desprezo. Com a chegada de Barack Obama à Casa Branca, os dois países dão sinais de interesse pela retomada do diálogo.
Apesar de líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, ter classificado o novo presidente americano como uma simples continuação de Bush, Ahmadinejad assumiu um tom mais conciliador e diz estar disposto a conversar ; desde que os americanos parem de afirmar que o Irã tem armas nucleares e apoia o terrorismo. Obama, por sua parte, admite as diferenças entre as duas nações, mas diz que sua gestão está disposta a tratar dos conflitos do passado e retomar o diálogo, desde que as ameaças sejam deixadas de lado e haja respeito mútuo.