postado em 23/03/2009 08:38
LUANDA - O Papa Bento XVI deixou Angola nesta segunda-feira (23/03), ao fim de sua primeira viagem à África, com um pedido aos governantes do continente para que transformem a luta contra a pobreza em prioridade. O Papa partiu do aeroporto da capital de Angola pedindo de novo aos líderes africanos que façam da luta contra a pobreza sua prioridade.
"Permito-me fazer um pedido final", anunciou o Papa no discurso de despedida junto ao presidente angolano, José Eduardo dos Santos. "Quero pedir a justa realização das aspirações fundamentais das populações mais necessitadas, para que elas sejam a preocupação principal dos administradores públicos, que devem cumprir sua missão não em benefício próprio e sim pelo bem comum", afirmou.
"Em nosso coração não haverá paz enquanto existirem irmãos que sofrem com a falta de comida, de trabalho, de casa ou outros bens fundamentais. Os administradores públicos devem cumprir com sua missão não em benefício próprio e sim pelo bem comum", afirmou ainda.
O presidente angolano lamentou a morte no sábado de duas jovens angolanas em uma correria antes de uma missa papal e agradeceu a Bento XVI pelas palavras de consolo, assim como pelas mensagens de paz e reconciliação. "Em nome do povo angolano confirmo que seguiremos pelo caminho da paz, da reconciliação nacional, da democracia, do respeito aos direitos humanos e da justiça social", afirmou.
Centenas de pessoas saíram às ruas para se despedir do Papa, que encerrou assim sua primeira viagem à África, que durou sete dias e o levou a Camarões e Angola. A viagem papal pelo continente começou no último dia 17 e se limitou a Camarões e Angola. Nos dois países, o líder da Igreja Católica defendeu a reconciliação e o perdão, a justiça e a verdade, para que a paz seja duradoura.
Em Camarões, onde residem milhares de muçulmanos, enviou uma mensagem conciliadora aos fiéis do Islã, sem deixar de condenar as seitas, as quais classificou de "de poderes nefastos", assim como a magia negra e a bruxaria, lamentando os sacrifícios humanos cometidos pelos chamados bruxos.
Em um continente no qual coexistem o cristianismo, o Islã e as religiões tradicionais, a maior preocupação da Igreja Católica é a expansão das seitas cristãs pentecostais, que somente em Angola passaram de 50 em 1992 a 900 nos dias atuais, entre elas a brasileira Igreja Universal do Reino de Deus.
A mensagem social e religiosa do Papa, no entanto, se viu abalada pela polêmica de suas declarações sobre a Aids, um drama terrível na África, onde vivem 22 dos 33 milhões de portadores do vírus HIV no mundo.
O Papa condenou o uso do preservativo na luta contra a doença considerando que o mesmo "agrava o problema". Isso gerou uma chuva de reações negativas de inúmeros países e organizações internacionais e humanitárias.
Os problemas da África voltarão a ser abordados pelos bispos de todo o continente em outubro, no Vaticano, durante o Sínodo convocado pelo Papa para estabelecer as estratégias a seguir ante o desafio da globalização.