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Manifestação contra ultradireita em Israel é marcada por confrontos

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postado em 24/03/2009 08:44
UM EL FAHEM - Quase 100 manifestantes da extrema direita israelense fizeram uma passeata nesta terça-feira (24/03) na entrada da cidade árabe-israelense de Um el-Fahem, o que provocou a revolta dos moradores e confrontos com a polícia. Furiosos com o plano dos ultradireitistas israelenses de marchar na localidade da Baixa Galileia, manifestantes árabes, aos quais se uniram ativistas israelenses de esquerda, se reuniram no início da manhã. Os árabes jogaram pedras contra a polícia, que mobilizou 3 mil homens dentro e nos arredores de Um el-Fahem. Os oficiais responderam com bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e jatos d'água. Uma greve geral foi convocada na cidade. Um fonte policial informou que 15 agentes ficaram feridos e três pessoas foram detidas, mas a imprensa de Israel relatou 16 feridos, incluindo um deputado do partido de esquerda laica e pacifista Meretz, Ilan Ghilon. Os confrontos atrapalharam os planos dos ativistas de extrema direita, que se viram obrigados a realizar a passeata do lado de fora da cidade, antes de voltar para suas casas. As autoridades declararam a localidade "zona militar fechada". A marcha da extrema direita, que a polícia autorizou na semana passada, foi liderada por três dirigentes da ultradireita, Baruch Marzel, Itamar ben Gvir e o deputado Michael Ben Ari. Eles afirmaram que pretendiam exercer o direito democrático de protestar em qualquer lugar do território israelense. Os árabes-israelenses são acusados pela ultradireita do país de "traição", porque apoiariam os palestinos contra o Estado do qual são cidadãos. "Há elementos hostis que afirmam que o Estado de Israel é uma provocação, mas tudo o que fazemos é exibir a bandeira israelense", declarou Ben Ari. Um el-Fahem é considerada um reduto nacionalista árabe israelense e do movimento islâmico em Israel. Presente no protesto árabe, o líder do movimento islâmico Raed Salah acusou a ultradireita de Israel de "tentar legitimar a transferência dos árabes-israelenses para fora do país". "Não é uma simples provocação. Devemos lutar para ficar aqui e temos impedir por todos os meios que Marzel e companhia entrem em Um el-Fahem", declarou à AFP. O deputado árabe-israelense Ahmad Tibi denunciou um "ato de provocação fascista" da extrema direita israelense,"que vem dizer aos habitantes de Um el-Fahem que esta terra não pertenece a eles". Os árabes-israelenses são os descendentes dos palestinos que ficaram em sua terra no momento da criação do Estado de Israel em 1948. A comunidade é formada por 1,2 milhão de pessoas e representa quase 20% da população israelense. Vários informes oficiais israelenses e instituições como a Suprema Corte admitiram que os árabes-israelenses são vítimas de discriminação econômica e social. A Suprema Corte de Israel autorizou em janeiro a celebração de uma passeata da extrema direita após um recurso dos ativistas antiárabes. O tribunal já havia autorizado em setembro uma manifestação do tipo, desde que o número de participantes fosse limitado, mas a polícia israelense vetou a mesma pelo risco para a ordem pública e a segurança das pessoas.

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