postado em 26/03/2009 17:01
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, encerrou nesta quinta-feira (26/03), na cidade de Monterrey, sua visita oficial ao México, dedicada ao tema da segurança na fronteira entre ambos os países, onde os cartéis de drogas travam uma guerra pelo tráfico para os EUA.
Hillary Clinton tomou nota da principal preocupação do governo do México sobre segurança fronteiriça: 90% dos sofisticados armamentos em posse dos cartéis provêm dos Estados Unidos.
O governo americano quer pôr fim à venda de armas de assalto que abastece os traficantes mexicanos, declarou Hillary, em entrevista à rede NBC, ontem à noite.
Hillary Clinton admitiu que ter deixado expirar uma lei que proibia a venda dessas armas nos EUA foi "um erro". Ao mesmo tempo, defendeu uma legislação capaz de proibir "a venda dessas armas fora da fronteira", admitindo, contudo, que a tentativa de renovar a proibição poderá encontrar forte oposição.
A visita da secretária Hillary ao México antecede à do presidente Barack Obama, prevista para 16 e 17 de abril.
Em resposta a uma insistente reivindicação do governo de Felipe Calderón para que os Estados Unidos assumam um maior compromisso na cooperação pela luta contra as drogas, Hillary ofereceu 80 milhões de dólares para financiar a compra de helicópteros Black Hawk para a Polícia mexicana.
"Essas aeronaves vão ajudar a Polícia mexicana a responder com agressividade e com sucesso às ameaças dos cartéis", comentou a secretária, cujo departamento renovou, em fevereiro, o alerta para viajantes americanos a respeito de um "aumento recente" da violência nas cidades fronteiriças.
Na entrevista coletiva, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, reconheceu: "Somos conscientes de que o narcotráfico é um problema compartilhado".
Enquanto Hillary Clinton concluía seu último dia de visita oficial ao México, de Washington, o diretor de Inteligência dos Estados Unidos, Dennis Blair, reiterava que o vizinho do Sul "não corre perigo de se transformar em um Estado falido".
A própria secretária já havia se pronunciado nesses termos, na coletiva de imprensa com Espinosa.
Nesta quinta, Hillary Clinton visitou a Basílica de Guadalupe e uma central de polícia da capital, onde conheceu os helicópteros destinados à luta contra o tráfico de drogas. Depois, seguiu para Monterrey, no estado de Nuevo León, fronteira com os Estados Unidos.
Militares e policiais federais reforçaram a segurança em Monterrey, após a recente captura de um narcotraficante acusado de atentar contra o consulado americano nessa localidade, 350 km ao sul de Nuevo Laredo, no Texas.
Monterrey e várias cidades fronteiriças com os EUA têm sido palco constante da guerra entre traficantes mexicanos. Apenas em 2008 essas disputas cada vez mais sangrentas deixaram mais de 5.300 mortos e já somam mais de 1.100 este ano, apesar de uma operação federal com 36.000 militares.
O reconhecimento do fluxo de armas dos Estados Unidos para o México e da demanda de drogas no território americano, o maior mercado consumidor de cocaína do mundo, foi considerado um "avanço de corresponsabilidade" pelo governo mexicano.
"Embora existam primeiros avanços em matéria de corresponsabilidade entre os dois países na luta contra o crime organizado, deve-se fortalecer a cooperação binacional nessa matéria", disse Calderón em sua reunião com Hillary, na quarta-feira.
Em 4 de março passado, Calderón enviou uma dura mensagem ao governo americano em relação ao tema da luta antidrogas.
"O tráfico de drogas nos Estados Unidos também obedece a um fenômeno de corrupção das autoridades americanas. Quero saber quantas autoridades americanas foram levadas à Justiça por esse assunto", criticou Calderón em entrevista à AFP.