postado em 29/03/2009 09:40
Quatro anos depois de realizada a primeira Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), chefes de Estado e representantes dos 34 países que compõem o grupo se reunirão novamente, na terça-feira, para verificar o andamento da Declaração de Brasília, acordada em maio de 2005. A intenção é pontuar o que foi feito e o que pode ser realizado em áreas como economia, ciência e tecnologia, meio ambiente e cultura. Mas não será preciso muito esforço para identificar que os avanços mais significativos foram mesmo no intercâmbio comercial.
Só o Brasil registrou um crescimento de cerca de 150% no comércio com países da Liga Árabe desde que a Aspa foi criada. A importância do tema será confirmada no fórum de empresários que antecede a segunda Cúpula da Aspa, em Doha (Catar), e vai se estender por dois dias. Já o evento principal, com chefes de Estado e de governo, deve durar apenas algumas horas. Essa disparidade revela que a sintonia política entre os dois lados do Atlântico ainda é pouca ; embora suficiente para deixar em alerta o governo israelense.
Até o sábado, haviam confirmado presença na reunião os chefes de Estado ou de governo de Argentina, Bolívia, Chile, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. Os governos de Colômbia, Equador e Uruguai, por sua vez, não serão representados por seus presidentes. Do lado árabe, a expectativa é de que a participação seja grande ; 19 dos 22 chefes de Estado devem comparecer ;, já que a reunião foi estrategicamente marcada para um dia depois da Cúpula da Liga dos Estados Árabes (LEA), também em Doha.
Entretanto, a expectativa maior parece vir mesmo do governo brasileiro, que idealizou a Aspa e sediou o primeiro encontro, em 2005. ;Queremos que a Aspa se torne efetivamente um fórum de cooperação Sul-Sul. O Brasil está com uma série de projetos e queremos levar isso adiante;, afirma o diretor do Departamento de Mecanismos Regionais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Gilberto Moura. Segundo o diplomata, a segunda cúpula marca a ;consolidação; do organismo multilateral, depois de quatro anos de encontros periódicos de grupos de trabalho. ;Esse é um fórum de convergência, em que trocamos experiências diante das dificuldades;, explica Moura, destacando a ;cumplicidade positiva; entre os diversos países.
Para essa cúpula, o Brasil tem esperança de avançar em parcerias nas áreas de ciência e tecnologia e cultura. Um dos projetos mais adiantados é o de combate à desertificação, incluindo técnicas de dessalinização da água que vêm sendo pesquisadas no país há algum tempo. A parceria interessa não só ao Brasil, que enfrenta o problema da escassez de água no Nordeste, mas aos países do Oriente Médio, que precisam de meios eficazes para a captura e consumo da água do mar. O Brasil também já ofereceu cooperação para a utilização das imagens do satélite sino-brasileiro CBERS para mapear o avanço da desertificação nos países árabes.
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