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Facebook e MySpace estão na mira do Reino Unido

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postado em 29/03/2009 09:45
Uma polêmica decisão do governo britânico pode atingir, no futuro, 175 milhões de usuários do Facebook e 130 milhões do MySpace e afetar os serviços dos sites de relacionamento, colocando em risco um mercado que vale atualmente mais de US$ 15 bilhões. Downing Street ; sede do poder no Reino Unido ; anunciou que pretende monitorar os serviços de comunidades virtuais e armazenar dados dos 25 milhões de usuários internos, quase a metade da população do país. A ideia vai além: a proposta dos ministros é de arquivar informações extraídas de cada ligação telefônica, mensagem de e-mail e site de internet visitado. A doutrina Big Brother ganhou força depois de 7 de julho de 2005, quando quatro homens-bomba mataram 52 pessoas e feriram cerca de 700 no sistema de metrô de Londres e em um ônibus urbano. Vernon Coaker, ministro do Interior, lembrou que uma diretiva da União Europeia que autoriza esse monitoramento ainda não cobre sites de redes sociais. ;Por essa razão, o governo está examinando o que pode ser feito sobre o programa de modernização de interceptação (de dados);, explicou. O homem considerado um dos ;pais; da internet e ex-vice-presidente da gigante Google está preocupado com os planos britânicos. Em entrevista ao Correio, por e-mail, Vint Cerf, de 66 anos, afirmou que os direitos individuais precisam ser preservados, ainda que o tênue balanço entre a privacidade e a aplicação da lei varie de país para país. Ele considera que a proposta do Reino Unido entra em conflito com ideias básicas do sistema legal europeu. ;O Reino Unido tem sido vigoroso em seus esforços para observar o comportamento dos cidadãos em contextos públicos;, explicou, citando o uso extensivo de circuitos internos de TV em locais públicos. ;Pode ser que Londres veja os serviços das redes sociais ; como o Facebook e o MySpace ; como um tipo de atividade pública e tenha concluído que nada na internet possui privilégios especiais, o que torna a rede passível de ser monitorada;, acrescentou o pioneiro da rede mundial de computadores. Riscos Questionado sobre os riscos de a política de cibervigilância ser copiada por outros países, inclusive pelos Estados Unidos e pelo Brasil, Cerf alertou para uma espécie de retrocesso no comportamento tecnológico. ;Se a privacidade pessoal for tão cerceada, as pessoas podem abandonar o uso da interação cibersocial por causa da vigilância do governo;, previu. Outro impacto seria a promoção de ferramentas antimonitoramento, o que poderia provocar um choque com as autoridades. Ele lembrou que nos EUA algumas vozes poderosas se erguem para proteger a privacidade eletrônica, enquanto outras influentes admitem preocupação com o uso de sistemas online na conspiração de atividades criminosas. ;Cada sociedade precisa encontrar o balanço entre esses dois extremos, a fim de se tornar um ambiente seguro e confortável;, defende Cerf.

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