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Netanyahu apresenta novo governo israelense e não menciona um Estado palestino

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postado em 31/03/2009 16:46
O primeiro-ministro eleito de Israel, Benjamin Netanyahu, se disse disposto a negociar um acordo de paz com os palestinos, mas não mencionou a ideia de um Estado palestino independente nesta terça-feira ao apresentar seu governo ao Parlamento. Ele também criticou duramente o Irã, advertindo para a possibilidade de que este "regime radical" adquira a arma nuclear. "Digo aos dirigentes da Autoridade Palestina que se realmente querem a paz, é possível chegar a um acordo de paz. Nesse sentido, meu governo atuará em três frentes: economia, segurança e política", declarou Netanyahu, chefe do Likud. "Conduziremos negociações de paz permanentes com a Autoridade Palestina para chegar a um acordo final, e não queremos governar outro povo que o nosso. Não queremos controlar o destino dos palestinos", ressaltou. "No contexto de um acordo definitivo, os palestinos terão todos os direitos para assumir seu próprio destino, com exceção dos que podem constituir uma ameaça à segurança e à existência do Estado de Israel", acrescentou. O futuro premier israelense teve o cuidado de não mencionar a ideia de um Estado palestino independente. Netanyahu, primeiro-ministro de Israel entre 1996 e 1999, leu nesta terça-feira o programa de seu governo, que não menciona um Estado palestino e se limita a "assumir o compromisso de fazer avançar o processo de paz com nossos vizinhos". Muitos duvidam da real vontade do novo governo israelense, dominado pelos partidos de direita e de extrema-direita, de seguir adiante com o processo de paz. Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, Netanyahu é oposto a um Estado palestino independente na Cisjordânia e em Gaza. "Estas declarações constituem um início que não é nada animador", lamentou à AFP Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino Mahmud Abbas. "O governo americano tem que pressionar Netanyahu para que se limite a acatar os fundamentos do processo de paz, que são a devolução de todos os territórios palestinos ocupados em 1967, inclusive a parte leste de Jerusalém", acrescentou. Sobre o Irã, o premier israelense afirmou que "o maior perigo para a humanidade e para Israel é a possibilidade de um regime radical se dotar da arma nuclear". "O povo judeu tirou as lições (do Holocausto), e não pode abaixar a cabeça frente a ditadores que ameaçam destrui-lo. Ao contrário do que aconteceu no século passado, temos hoje a capacidade de nos defender. Sabemos como nos defender", avisou. O novo governo de coalizão, que tem 30 ministros, entre os quais Netanhayu, é o mais pletórico da história de Israel. Ele tem uma base de 69 deputados no Parlamento, que tem 120 cadeiras. O ministério-chave das Relações Exteriores é comandado pelo ultranacionalista Avigdor Lieberman, líder do partido Israel Beiteinu, famoso por suas declarações antiárabes. Além do Likud (27 deputados), a coalizão reúne o Israel Beiteinu (15), o Partido Trabalhista (13), o ortodoxo Shass (11) e um pequeno partido de colonos (3).

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