postado em 03/04/2009 09:35
O presidente Barack Obama chegou nesta sexta-feira (3/04) a Estrasburgo (leste da França) para uma cúpula pelos 60 anos da Otan, na qual buscará o apoio de seus sócios europeus para os novos planos dos Estados Unidos para o Afeganistão.
A reunião da Otan - criada em 4 de abril de 1949 para fazer frente à ameaça soviética - acontecerá em três cidades fronteiriças da França (Estrasburgo) e Alemanha (Baden Baden e Kehl), duas potências que se enfrentaram em três guerras entre 1870 e 1945.
Estas cidades, cenário de manifestações, foram praticamente sitiadas pelas forças de segurança, para controlar e evitar "maiores riscos", nas palavras da ministra francesa do Interior, Michele Alliot-Marie.
Além do aniversário, os líderes políticos comemorarão a chegada, ainda esta semana, de novos membros à organização, que passará, então, a contar com 28 países signatários. A Albânia e a Croácia se tornaram membros da Otan nesta quarta-feira, em uma cerimônia em Washington.
Celebrações à parte, os chefes de Estado e governo presentes na cúpula examinarão a fundo a nova estratégia para o Afeganistão de Obama, que tentará convencer seus aliados a se envolver mais no que representaria a maior missão da história da Otan - e também mais complexa.
A força internacional coordenada pela Aliança Atlântica no Afeganistão, a Isaf, trava desde 2003 uma dura guerra contra os talibãs, que usam o território do cvizinho Paquistão como retaguarda segura e estão longe de serem derrotados.
Fontes militares indicaram esta semana que Obama decidirá no segundo semestre deste ano sobre o envio de mais 10.000 soldados para o front afegão, além dos 21.000 já anunciados, que servirão de reforço para o contingente americano atualmente mobilizado no país, que é de 38.000 militares.
A Isaf conta atualmente com 60.000 soldados de 42 países.
A principal meta do presidente americano é conseguir se retirar do Afeganistão de cabeça erguida, uma vez erradicada a insurgência e instalada uma democracia estável no país.
A mensagem de Obama, que realiza sua primeira viagem européia como presidente, foi ouvida na terça-feira em Haia pelos participantes de uma grande conferência internacional sobre o Afeganistão, que prometeram uma melhor coordenação dos aspectos militares e civis no país.
Esta boa vontade pode ser traduzida no anúncio, feito durante a cúpula, do envio de 450 homens por parte de Espanha, França, Itália, Holanda e Portugal para a formação da polícia e da gendarmeria afegãs.
O futuro da Aliança Atlântica também será examinado durante a cúpula de sexta e sábado. O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, já adiantou que a Otan se mostrará muito prudente na hora de aceitar novas missões.
Para Steinmeier, a Otan só deve assumir "novas tarefas se estas trouxerem segurança para a aliança", segundo disse nesta quinta-feira à imprensa alemã.
Outro eixo importante da cúpula serão as complicadas relações entre a Otan e Moscou, seriamente afetadas pelo conflito russo-georgiano de agosto de 2008 e pelo projeto do escudo anti-mísseis americano na Europa Central.
Os aliados discutirão ainda a situação no Kosovo, após o polêmico anúncio da retirada das tropas espanholas do território.
A cúpula será protegida por forte esquema de segurança. Alliot-Marie reconheceu na quinta-feira que existem "maiores riscos de segurança", tanto "terroristas" quanto extremistas, que "estão estimulando a desobediência civil (em Estrasburgo) através da internet".
Nove mil policiais foram mobilizados para vigiar a pequena cidade francesa, sede do Europarlamento e do Conselho Europeu, onde foram organizadas para o sábado manifestações que devem reunir cerca de 50.000 pessoas.
Centenas de ativistas anti-Otan e a polícia se enfrentaram rapidamente na tarde desta quinta-feira, quando um grupo tentou entrar no centro de Estasburgo. Doze militantes foram detidos.