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Europa é mais ameaçada de atentado do que EUA, diz Obama

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postado em 03/04/2009 18:08
O presidente americano, Barack Obama, disse nesta sexta-feira que a Europa é mais ameaçada pela rede Al-Qaeda do que os Estados Unidos e pediu mais esforços, por parte dos europeus, para combater o terrorismo no Afeganistão. Em Estrasburgo, cidade transformada em um verdadeiro campo entrincheirado, onde os policiais franceses enfrentavam manifestantes contrários à Otan, Obama destacou a importância da Aliança Atlântica, que completa seu 60º aniversário, e o início da operação mais arriscada já realizada pela organização. Diante da proximidade de suas retaguardas no Afeganistão e no Paquistão, "é mais provável que a Al-Qaeda lance um ataque terrorista na Europa do que nos Estados Unidos", alertou, na entrevista coletiva com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. "A Europa não deve esperar que os Estados Unidos carreguem esse fardo sozinhos", declarou um pouco mais tarde, diante de milhares de jovens reunidos em um enorme ginásio em Estrasburgo. "Porque esse é um problema que diz respeito a todos nós. E é necessário um esforço conjunto", acrescentou, referindo-se aos talibãs e a seus aliados da Al-Qaeda, a algumas horas da cúpula com os 28 membros da Otan que será dominada pelo tema do Afeganistão. Sarkozy repetiu que a França já enviou reforços para o Afeganistão. "Estamos prontos para fazer mais no plano da polícia, da gendarmeria, no plano da ajuda econômica para formar afegãos e para o Afeganistão", disse o presidente francês. Paris decidiu enviar 150 gendarmes ao Afeganistão. A Otan, desde 2003 estacionada no Afeganistão, onde comanda mais de 60.000 soldados, ainda não conseguiu conter os ataques cada vez mais sangrentos dos talibãs. Os EUA anunciaram o envio de mais 21.000 militares, e o presidente Obama poderá decidir por outros 10.000. Assim como a França, a maioria dos europeus prefere se concentrar na formação do Exército e da polícia. A expectativa é que os líderes da Aliança anunciem o envio de quatro batalhões, de 3.000 a 4.000 homens para garantir a segurança da eleição presidencial prevista para agosto, nesse país do centro-oeste asiático. O porta-voz do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou que a Grã-Bretanha deverá enviar centenas de militares extras para as eleições. Espanha, Alemanha e Itália também fizeram suas promessas. Com tom conciliador desde o início de sua viagem pela Europa, que começou pela cúpula econômica do G-20 e continuará, após o encontro da Otan, pela República Tcheca e pela Turquia, o presidente americano não poupou elogios a Sarkozy. "Ele não pára de dar provas de imaginação, de criatividade", afirmou Obama, destacando que "ele está presente em tantas frentes que a gente mal consegue acompanhá-lo às vezes". Algumas horas mais tarde, com a chanceler alemã, Angela Merkel, na cidade de Baden-Baden, o presidente dos EUA declarou que a Alemanha "é um membro sólido da Aliança". A chanceler destacou, por sua vez, a importância da solidariedade entre os aliados, quando um deles é atacado. No jantar que abriu a cúpula, nesta sexta à noite, em Baden-Baden, os 28 aliados tentaram chegar a um acordo sobre a candidatura do primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, ao posto de secretário-geral da Otan, mas a decisão acabou sendo adiada para sábado. Além do Afeganistão, a reunião deve debater as complicadas relações entre Otan e Rússia. A cúpula volta no sábado para Estrasburgo, que se encontra sob rígida vigilância policial. Hoje, por várias horas, as forças da ordem enfrentaram os militantes contrários à Otan, no sul de Estrasburgo, e dois gendarmes ficaram feridos. Em Baden-Baden, de 500 a 800 ativistas protestaram nas ruas, sem registro de incidentes.

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