postado em 04/04/2009 21:05
Estrasburgo - A Cúpula da Otan pressionou neste sábado o presidente afegão, Hamid Karzai, para que renuncie ao projeto de lei que, segundo os aliados, ridiculariza os direitos das mulheres no Afeganistão.
"Penso que esta lei é detestável", disse o presidente americano, Barack Obama, ao final do encontro de dois dias na fronteira franco-alemã, destacando que sua administração deixou isto bem claro ao líder afegão.
Na chamada "Nova Lei sobre a Família Afegã", as mulheres da minoria xiita hazara ficam proibidas de negar relações sexuais ao marido, abandonar seu domicílio e tomar decisões sem o prévio acordo do esposo.
A minoria hazara, que representa cerca de 15% da população afegã, faz campanha para obter sua própria legislação sobre a família, distinta da que rege a maioria sunita.Vários países ocidentais, como Canadá e França, já haviam expressado sua preocupação com o projeto de lei afegão.
Apesar de não concordar com as críticas, Karzai ordenou uma releitura do texto para acabar com a polêmica que ressurgiu na Cúpula da Otan, realizada em Estrasburgo (França), Kehl e Baden Baden (Alemanha).
Ataque
Durante a entrevista final da Cúpula, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, atacaram o projeto de lei, considerando uma violação inaceitável dos direitos da mulher afegã.
"É um pedido unânime" dos países da Otan que "os direitos da mulher e os direitos humanos sejam defendidos e respeitados pelo governo afegão", disse Sarkozy. Os aliados que estão no Afeganistão "para defender valores não vão ceder sobre isto".
Segundo Angela Merkel, "é preciso que todo mundo no Afeganistão tenha direito a viver em liberdade". "Esperamos que este projeto de lei seja retirado, porque é inaceitável". Já Hoop Scheffer destacou que os 28 aliados exigem que os direitos da mulher sejam "respeitados" em todo o Afeganistão.
A Itália anunciou que analisa a saída de suas militares do contingente estacionado no Afeganistão, como medida de protesto contra o projeto de lei, segundo um funcionário italiano. A iniciativa é simbólica, já que a Itália tem apenas 30 mulheres entre seus 2.665 militares estacionados no Afeganistão.