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EUA vão se abrir a Cuba depois da Cúpula das Américas, diz analista político

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postado em 05/04/2009 07:00
O governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ;estendeu a mão; para Cuba na última semana. Senadores dos partidos Democrata a Republicano apresentaram um projeto de lei para liberar viagens de cubanos que vivem nos EUA à ilha. Uma delegação de deputados fica em Havana até quarta para discutir como acabar com o embargo econômico, que começou em 1962. Para analisar esse tema, o Correio entrevistou Larry Birns, diretor do Conselho de Assuntos Hemisféricos (Coha, na sigla em inglês) de Washington e especialista em relações América Latina-Estados Unidos. Como podemos interpretar esse aproximação de políticos norte-americanos com Cuba? Cuba é uma questão da política doméstica dos Estados Unidos e não da política externa. Faz parte da política doméstica porque os republicanos acreditavam que uma estratégia para ganhar a presidência dos EUA era baseada em ganhar os votos da Flórida ; 60% dos votos do estado vêm dos cubanos americanos. Na última eleição, Obama ganhou na Flórida. Então, a estratégia republicana de um discurso duro contra o regime castrista foi quebrada. E qual a posição dos americanos agora? A constituição de uma política anti-Castro erodiu. Mais de 500 empresas são a favor de resolver as questões com Cuba, a comunidade negra está a favor, as empresas exportadoras%u2026 Cuba hoje recebe 2 milhões de turistas por ano, mas poucos são americanos, porque é ilegal. A indústria do turismo, as empresa aéreas, todos querem fazer negócio com Cuba. O país está agora numa posição muito desejada. Ironicamente, foi um senador republicano, Richard Lugar, líder da minoria da Comissão de Relações Exteriores, quem apareceu com uma recomendação em relação a Cuba muito mais aberta do que a de Obama. O presidente e o vice-presidente Joe Biden dizem que não vão levantar o embargo por causa dos direitos humanos, mas isso não é uma política, não é uma estratégia. Cuba não é o maior violador dos direitos humanos. Há muitos países que são grandes aliados dos EUA e que têm muito mais do que 100 pessoas detidas%u2026 É uma explicação inadequada para o fato de que eles não têm uma política. E como o regime castrista em Cuba receberia os novos turistas? Eles seriam bem-vindos? Na verdade, a grande beneficiária das mudanças sobre viagens e remessas será a economia cubana. Os turistas (americanos) também vão levar dinheiro. E isso é o que Cuba realmente precisa agora. Não podemos esquecer que houve três furacões em setembro passado que causaram danos da ordem de US$ 10 bilhões. Ainda assim, a economia cubana será bem-sucedida porque o país foi integrado ao Caricom, ao Grupo do Rio, à Unasul, conseguiu créditos bilaterais de US$ 250 milhões do Brasil. É um objeto favorito da generosidade vinda de fora. Todo mundo admira Cuba por ter sobrevivido à hostilidade dos Estados Unidos. Podemos esperar novos passos dos EUA em direção a Cuba na próxima Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, entre 17 e 19 de abril? Obama estará sob muita pressão. Hoje, somente os EUA não reconhece plenamente Cuba, além de El Salvador. Com a eleição de Mauricio Funes, El Salvador reconhecerá Cuba, assim como fez a Costa Rica alguns meses atrás. Na cúpula em Trinidad e Tobago, muita gente dirá que se os Estados Unidos quiserem reabilitar suas relações com a América Latina, terão de normalizar suas relações com Cuba. Esse será um ingrediente central. O Iraque foi uma enorme distração paras as relações entre EUA e América Latina. E, durante esse período, a América Latina diversificou suas relações. A região é muito sofisticada agora, muito mais pluralizada em suas relações. E claro, estamos vendo o Brasil entrar no palco do mundo como uma potência, o que é uma transformação histórica. Vários líderes latino-americanos estão visitando Cuba, tem sido uma homenagem. A posição dos Estados Unidos em Cuba é tão obsoleta, tão sem credibilidade, embaraçosa. Os EUA terão que sintonizar com o pensamento mundial. Eu diria que nos próximos seis meses estaremos no caminho para a normalização das relações diplomáticas entre Cuba e EUA. A política atual não sobreviverá ao status quo após a cúpula em Trinidad: mudanças importantes terão lugar.

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