postado em 07/04/2009 08:19
Os brasileiros que vivem em Roma, a 86km da cidade de Ãquila, contaram ao Correio, por telefone, que também foram surpreendidos pelo terremoto da madrugada de ontem. Suboficial da Marinha, o paulista Donizete Furtado de Oliveira, de 47 anos, mora a apenas 500m da Cidade do Vaticano. Por volta das 3h30 (hora local), ele despertou com o barulho do armário. ;Percebi que a cama pulava. Quando pus os pés no chão, vi que o prédio estava balançando e percebi o terremoto;, relatou. Donizete se vestiu, pegou um casaco e a carteira e saiu correndo em direção à rua. Ficou cerca de 50 minutos fora do prédio, conversando com vizinhos. ;Foi forte, viu? Na minha região, poucas pessoas foram para a rua, mas no Bairro Balduina, a população se refugiou nas praças;, comentou.
Questionado sobre a sensação de estar em meio a um terremoto, o santista que desembarcou em Roma há pouco mais de um mês disse considerar a situação ;muito estranha;. ;Você vê as portas rangendo, os armários e a cama se mexendo. Você sente como se estivesse numa torre balançando e não consegue se ater ao que está acontecendo;, declarou o militar. O susto só não foi maior porque Donizete sabia que a Itália se situa em uma região propÃcia a tremores de terra.
A acompanhante de idosos Sonia Regina Pereira, de 48 anos, lamenta a tragédia. ;Pessoas perderam parentes e casas, o centro cultural de Ãquila e suas igrejas ficaram destruÃdos, é tudo muito triste;, desabafou. Por volta das 3h30, a idosa a quem Sonia ajuda acordou para ir ao banheiro. O que chamou a atenção dessa paulista da cidade de Aviara foi uma pequena árvore de gesso, coberta com vários passarinhos. ;Aquele negócio tremia. Pensei que tivesse alguém dentro de casa, forçando a porta para sair;, lembra. Depois de acender a luz do corredor, Sonia olhou para cima e viu que o enorme lustre ;balançava para lá e para cá;. Ao abrir as janelas, percebeu que o mesmo ocorria com os lustres da rua. ;Graças a Deus, aqui no centro de Roma não aconteceu nada.;
Baiana de Camacan, cidade situada 525km ao sul de Salvador, Vitória Meireles, de 38 anos, trabalha desde 2007 como atendente em uma loja da capital da Itália. Sua primeira impressão foi de que alguém tentava forçar a janela pelo lado de fora, para entrar no quarto. ;Tentei me levantar da cama, mas não conseguia. Tudo tremia, o prédio tremia bastante;, relatou. ;Foram apenas 20 segundos, mas durou muito.; Ela confessou que sentiu muito medo e teve vontade de sair correndo. ;Minha filha de 18 anos está me visitando e ficou desesperada;, acrescentou.
Até o fechamento desta edição não havia notÃcias de brasileiros entre as vÃtimas. Por telefone, Vanessa Torres, vice-cônsul do Brasil em Roma, declarou que o consulado não recebeu qualquer sinalização de brasileiros por meio de telefonemas ou da parte de associações de imigrantes. ;Ãquila é uma área onde não há concentração de brasileiros. Há compatriotas lá, mas eles estão dispersos;, disse. Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo brasileiro afirma que ;tomou conhecimento, com grande pesar;, do terremoto. ;Ao solidarizar-se com as famÃlias das vÃtimas, o governo brasileiro manifesta seu profundo sentimento de tristeza e de solidariedade ao governo e ao povo italianos;, acrescenta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou mensagens de condolência ao primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e ao colega Giorgio Napolitano.
Depoimento de brasileira na Itália sobre terremoto