postado em 07/04/2009 16:52
A terra continuou a tremer nesta terça-feira no centro da Itália, no dia seguinte ao violento terremoto que deixou pelo menos 228 mortos e milhares de desabrigados, segundo números ainda provisórios.
Um forte abalo, de magnitude de 5,3 na escala Richter, segundo a Defesa Civil, foi sentido nesta terça-feira às 17h50 GMT (14h50 de Brasília) em L'Aquila, epicentro do tremor, e até em Roma, semeando pânico.
Em L'Aquila onde muitos edifícios, já abalados, entre eles a Basílica, ruíram de vez, segundo a agência Ansa.
O tremor de segunda-feira registrou 5,8 na mesma escala ou 6,2 na escala de momento.
A agência Ansa, citando fontes hospitalares, anunciava 228 corpos no necrotério de L'Aquila.
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi concedeu uma entrevista coletiva em L'Aquila, cidade de 60.000 habitantes, capital medieval do século XIII da província montanhosa de Abruzzo, que foi epicentro do tremor de 6,2 graus na escala Richter.
Vestido de preto e com o ar de profundo cansaço, Berlusconi havia anteriormente indicado um registro de 207 mortos, e que 100, de um total de "pouco mais de mil", estavam em estado grave e que 150 pessoas haviam sido retiradas vivas dos escombros desde segunda-feira.
Quinze pessoas estão desaparecidas depois do mais violento terremoto dos últimos 30 anos na Itália, indicou Berlusconi à imprensa em L'Aquila.
O número de desabrigados foi revisado para baixo: 17.000.
Berlusconi chegou a recusar a ajuda oferecida por mais de 30 países.
"Agradecemos a solidariedade, mas pedimos que não enviem ajuda, temos a capacidade de responder às exigências. Somos um país orgulhoso e rico. Agradeço, mas podemos atuar sozinhos", afirmou o chefe de Governo italiano.
Um tremor de 4,7 graus na escala Richter foi registrado às 11H30 (6H30 de Brasília), segundo o Instituto Nacional de Geofísica. O terremoto, um dos mais fortes desta terça-feira, provocou a queda de pedras e pedaços de móveis e mobília dos edifícios danificados, o que deixou os habitantes da região ainda mais apavorados.
Mais de 280 tremores secundários foram registrados pelos sismógrafos depois do forte terremoto de segunda-feira que arrasou L'Aquila.
A Defesa Civil informou que mais de 10.000 casas e edifícios foram danificados pelo tremor.
Berlusconi decretou na segunda-feira estado de emergência e prometeu aos sobreviventes que ninguém será abandonado. Também anunciou a instalação de barracas de campanha para receber 15.000 pessoas, com 16 cozinhas de campo para garantir a alimentação das vítimas.
Em San Cisto, um amplo estacionamento próximo de L'Aquila, centenas de pessoas passaram a noite dentro de seus automóveis para fugir do frio.
Muitos reclamaram da lentidão das autoridades e das condições em que passaram a primeira noite após a tragédia.
"Não nos ofereceram nem um café. Ninguém se preocupa com a gente. Passei muito frio", se queixou Giovanni, pai de um bebê de três meses.
Ao mesmo tempo, as equipes de resgate trabalham contra o tempo.
Até agora, 150 pessoas, incluindo estudantes estrangeiros, foram resgatados dos escombros.
Berlusconi informou que 7.000 socorristas participam dos trabalhos, que devem prosseguir por mais 48 horas.
Uma idosa de 98 anos, María D'Antuono, foi resgatada nesta terça-feira depois de passar 30 horas sob os escombros. Segundo o canal Sky TG24, a senhora estava em boas condições de saúde, apesar de ter ficado presa dentro da própria casa, que desabou após o tremor.
As equipes de resgate continuam procurando nesta terça-feira possíveis sobreviventes entre as ruínas.
Uma mulher grávida foi salva e levada de helicóptero para um hospital da região, segundo a imprensa italiana.
Setenta cães farejadores auxiliam nas buscas para tentar detectar qualquer sinal de vida.
Na área histórica de L'Aquila, nenhuma rua escapou do tremor e todas estão cobertas de pedras e telhas. A zona, repleta de monumentos barrocos, teve igrejas e um castelo do século XV danificados pelo terremoto.
O hospital, a prefeitura e a Casa do Estudante estão entre as estruturas públicas destruídas pelo tremor, que gerou muita polêmica na Itália pela violação ou falta de aplicação das leis antissísmicas.
Berlusconi anunciou ainda a liberação de 30 milhões de euros, mas segundo uma primeira estimativa do ministro italiano de Obras Públicas, Altero Matteoli, será necessário 1,3 bilhão de euros para reconstruir os edifícios e as casas destruídas.
O terremoto mais grave da história da Itália aconteceu em 23 de novembro de 1980, com um balanço de 2.916 mortos e 20.000 feridos na região de Nápoles, sul do país.