postado em 08/04/2009 11:22
ROMA - A terra voltou a tremer nesta quarta-feira (08/04) no centro da Itália, provocando pânico entre os sobreviventes do trágico terremoto de segunda-feira. Um funeral nacional das vítimas foi marcado pelas autoridas para a Sexta-Feira Santa.
O número de mortos em consequência do terremoto que devastou a região central do país subiu para 260, incluindo 16 crianças, informou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. Segundo os números divulgados por Berlusconi, que está na cidade de Áquila, que fica a 110 km de Roma e foi o epicentro do terremoto, nove corpos ainda não foram identificados.
No total, 17.772 desabrigados estão instalados em 2.962 barracas de campanha espalhadas por 31 acampamentos. A Defesa Civil instalou 24 hospitais ambulantes na região. O ministro para Relações com o Parlamento, Elio Vito, informou que o número de feridos chega a 1.179.
A maioria dos desabrigados já está nos acampamentos instalados nas proximidades de Áquila, mas centenas de pessoas passaram a terceira noite dentro de carros, para evitar o frio.
Berlusconi confirmou ainda que o funeral solene será celebrado na Sexta-Feira da Paixão pelo bispo de Áquila, monsenhor Giuseppe Molinari, que escapou por milagre do desabamento da sede histórica da arquidiocese. A Sexta-Feira Santa será declarada dia de luto nacional. As autoridades religiosas locais já haviam manifestado o desejo de que o funeral nacional coletivo das vítimas coincidisse com as celebrações da Páscoa. Algumas vítimas serão sepultadas já nesta quarta-feira.
O Papa Bento XVI anunciou nesta quarta-feira que visitará a região do terremoto assim que for possível, durante a audiência geral na praça de São Pedro. "Queridos, espero apenas que seja possível para visitá-los. Saibam que o Papa reza por todos e implora a misericórdia do Senhor para os falecidos, e para os familiares e sobreviventes pede o consolo materno de Maria", afirmou o Papa.
Novos tremores
A madrugada foi marcada por novos tremores secundários, ou réplicas, na cidade de Áquila, o mais forte deles, de 3,7 graus na escala Richter, registrado pouco antes das 6h30 locais (1h30 de Brasília).
Ao mesmo tempo, os socorristas prosseguem com o extenuante trabalho de retirada de corpos dos escombros, sobretudo na zona central da cidade, onde milhares de edifícios e monumentos históricos desabaram, incluindo basílicas e jóias arquitetônicas.
A situação é dramática no vilarejo de Onna, a poucos quilômetros de Áquila, onde 40 dos 400 moradores morreram.
O último milagre da tragédia foi o resgate com vida da jovem Eleonora, 21 anos, na terça-feira à noite, 42 horas depois do terremoto. Sem mostrar o rosto, ela concedeu uma entrevista no hospital e agradeceu os voluntários que trabalharam horas para salvá-la, enquanto ela gritava sem parar no escuro.
As tarefas de resgate prosseguirão até domingo, anunciou o ministro italiano do Interior, Roberto Maroni. Em seguida terão início os trabalhos de reconstrução, que "não serão fáceis nem breves", disse.
Berlusconi, que afirmou que estava há 44 horas sem dormir, não deixou passar nem a tragédia para fazer uma de suas piadas. Berlusconi aconselhou os sobreviventes do terremoto, alojados provisoriamente em barracas, a encarar a situação com um fim de semana de camping. "Não falta nada a eles, têm atendimento médico, comida quente. Claro que o refúgio atual é completamente provisório, mas, justamente, é preciso encarar como um fim de semana de camping", afirmou ao ser questionado sobre a situação dos desabrigados.
O país vive uma verdadeira corrida de solidariedade. Várias instituições abriram contas correntes para arrecadar dinheiro para as vítimas. Os 315 senadores italianos, que recebem altos salários, anunciaram que doarão cada um 1.000 euros dos salários.