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Cúpula das Américas: Cuba e Estados Unidos consultam Lula

Em visita reservada a Brasília, chanceler cubano se reúne com o presidente e o ministro Celso Amorim. Pressão pelo fim do embargo à ilha foi discutida também com delegação de congressistas norte-americanos

postado em 09/04/2009 08:00
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, fez ontem uma visita rápida e muito discreta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. O tema de sua primeira viagem a um país latino-americano não foi anunciado por assessores ; do Planalto, do Itamaraty ou da embaixada cubana. Depois de conversar por uma hora com Lula e o chanceler Celso Amorim, Rodríguez deixou o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória do Planalto, fez um breve aceno aos jornalistas e seguiu com o colega brasileiro para o Palácio Itamaraty. Novamente, os dois lados mantiveram silêncio sobre o teor das conversas. Lula recebeu ainda, no início da noite, um grupo de nove congressistas americanos, entre eles o líder da maioria democrata na Câmara dos Deputados, Steny Hoyer. ;O principal foco da reunião foi energia e biocombustíveis, além da crise global;, disse ao Correio a porta-voz da delegação, Katie Grant. Antes de vir ao Brasil, os parlamentares estiveram no México, Panamá e Colômbia, sempre para reuniões com os respectivos presidentes. ;(A viagem ao Brasil) aumenta nossos esforços para fortalecer as parcerias com o Hemisfério Ocidental e promover segurança regional e a estabilidade;, explicou a porta-voz. No sábado passado, em Havana, Rodríguez também se encontrou com sete congressistas americanos que se demonstraram dispostos a um diálogo com Cuba, conforme promessa de campanha do presidente Barack Obama. Tantos encontros bilaterais têm como pano de fundo a preparação da 5ª Cúpula das Américas, que se reúne entre 17 e 19 de abril em Trinidad e Tobago. O tema do embargo econômico mantido pelos Estados Unidos contra Cuba não deve entrar na declaração final dos 34 chefes de Estado e governo da região, a julgar pelo texto inicial divulgado esta semana pelos organizadores. Mas dificilmente deixará de ser mencionado nas discussões, apesar dos esforços da diplomacia americana para tirá-lo do foco do encontro. ;Achamos que seria infeliz se Cuba se tornasse o tema principal. Há muitos assuntos muito importantes, como a inclusão social, o meio ambiente, a economia e a segurança pública;, disse o assessor especial da Casa Branca para a reunião, Jeffrey Davidow. Se o contrário acontecer, o assessor avisa que Obama já tem a resposta preparada: dirá que seu governo continua avaliando de que maneira pode ajudar a construir uma sociedade democrática na ilha. O presidente da Bolívia, Evo Morales, é um dos que prometem insistir na questão. Ele anunciou ontem que apresentará uma proposta de resolução pedindo ao governo dos Estados Unidos a ;suspensão imediata do bloqueio econômico a Cuba;. Lula também tem defendido o fim das sanções dos EUA, para uma melhor relação do vizinho do norte com o resto do continente. Cuba é o único país do continente que não participará da Cúpula das Américas, embora tenha sido incorporada ao Grupo do Rio, que reúne todos os latino-americanos, durante reunião extraordinária realizada em novembro último na Bahia, à margem da 1ª Cúpula da América Latina e Caribe.
Fidel acena ao diálogo O Granma, diário do Partido Comunista de Cuba, publicou artigo do ex-presidente Fidel Castro sobre seu encontro com três deputados da delegação americana que encerrou na terça-feira uma visita à ilha. O ;magnífico encontro; durou uma hora e 45 minutos e concentrou-se nas perspectivas para uma aproximação entre os dois países no governo Obama. Fidel deixou entrever sua boa vontade para com o novo presidente dos EUA, mas reafirmou que a iniciativa do diálogo deve partir de Washington. ;Eles (os visitantes) conhecem Obama e refletem confiança, segurança e simpatia por ele;, analisou, depois de ressaltar a importância da delegação na Câmara, onde os seis integram o Caucus Negro.

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