postado em 09/04/2009 09:29
O chefe da seção antiterrorista da Scotland Yard, Bob Quick, demitiu-se nesta quinta-feira (9/4) do cargo por ter-se exposto, diante de câmaras fotográficas, com um documento secreto em mãos - uma imprudência que obrigou a polícia britânica a precipitar uma operação policial.
Quick foi fotografiado com uma folha debaixo do braço que deixava à vista os nomes de 11 suspeitos, assim como os detalhes sobre a diligência de que eram objeto.
"Apresentei minha demissão, consciente de que minha ação poderia ter comprometido todo um trabalho importante", declarou Bob Quick em comunicado.
A polícia decidiu antecipar na quarta-feira uma operação antiterrorista no noroeste da Inglaterra, durante a qual foram detidos doze suspeitos de terrorismo, onze deles cidadãos paquistaneses, por temor a que escapassem à vigilância, devido ao descuido de Quick.
"Lamento profundamente os transtornos causados a meus colegas encarregados da operação e agradeço-lhes pela forma com que se adaptaram rapidamente e com professionalismo a um programa alterado", afirmou.
As detenções de quarta-feira foram realizadas, principalmente, no bairro de Cheetham Hill de Manchester, na Universidade John Moores de Liverpool e em Clitheroe (Lancashire).
As informações eram as de que os suspeitos planejavam atacar um centro comercial e uma discoteca de Manchester. As detenções estavam programadas para a madrugada de quinta-feira.
A Grã-Bretanha está em estado de alerta antiterrorista desde os atentados de 7 de julho de 2005 em Londres, nos quais morreram 56 pessoas, entre elas, quatro camikazes.
O caso põe a Scotland Yard em situação ainda mais difícil: está sendo investigada por seu papel na morte de um homem, paralelamente a uma manifestação contra a reunião do G-20, em Londres, na semana passada.
O incidente aconteceu quase quatro anos depois da morte do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, fuzilado em uma estação de metrô da capital londrina por agentes da Scotland Yard ao ser confundido com um terrorista.
Nenhum policial foi processado pela morte do brasileiro. A Scotland Yard foi considerada culpada de infringir as leis de saúde e segurança pública e condenada a pagar uma multa de 175.000 libras (350.000 dólares).
Uma comissão independente encarregada de averiguar as queixas contra a polícia, a IPCC (Independent Police Complaints Comission), está trabalhando agora para esclarecer a morte de Iam Tomlinson, de 47 anos.