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Justiça italiana investiga violação de leis antissismo em L'Aquila

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postado em 09/04/2009 16:58
A Justiça italiana abriu uma investigação para determinar se houve violação das leis antissismos na construção de edifícios nos últimos 40 anos em L'Aquila, a cidade de Abruzzos devastada pelo forte terremoto de segunda-feira (6/4) e que deixou quase 300 mortos. O procurador de L'Aquila, Achille Rossini, abriu a investigação, ainda que, por enquanto, trate-se apenas de uma formalidade. O Tribunal ficou inutilizável, e todo o pessoal está concentrando seus esforços na situação de emergência, publicou o jornal "La Repubblica", na edição desta quinta-feira (9/4). A Justiça quer determinar as razões pelas quais importantes prédios públicos, entre eles o hospital San Salvatore, a sede da Prefeitura, a Casa do Estudante e o quartel do Corpo de Carabineiros, sofreram graves danos materiais, ou desabaram por completo. "É justo que os juízes investiguem, embora não ache que tenha sido cometido um crime. O que pude notar, pessoalmente, é que os edifícios que desabaram estavam construídos com a tecnologia de sua época", declarou nesta quinta o chefe do Governo italiano, Silvio Berlusconi, durante a inspeção diária que vem fazendo na área afetada pelo sismo. "Na época, usava-se cimento que não era confiável e um tipo de ferro que não tem a resistência dos aços que são utilizados hoje em dia", frisou Berlusconi, que começou sua carreira empresarial com o setor de construção civil. Poucos dias depois da tragédia, o país foi agitado pela polêmica sobre a violação, ou falta de aplicação, das leis antiterremotos na península. "Um terremoto, como o registrado segunda-feira, na Itália, se tivesse acontecido na Califórnia, nos Estados Unidos, não teria deixado nenhum morto", disse à imprensa o presidente da Comissão de Altos Riscos, Franco Barberi. O fato é que a queda de importantes edifícios públicos, construídos na década de 1970, como o prédio da prefeitura de L'Aquila, alarmou arquitetos e especialistas. O jornal econômico "Il Sole 24 Ore" denunciou a falta de aplicação das medidas antissísmicas, congeladas desde 2005. O presidente da República, Giorgio Napolitano, que visitou a região hoje e, amanhã, participará das cerimônias fúnebres de Estado em L'Aquila, declarou que "existem responsáveis" pela tragédia. "Ninguém está isento de culpa. Muita gente participou da construção dos edifícios que caíram. É necessário fazer um exame de consciência, sem discriminação, nem matiz político, para evitar que casos como esses se repitam", afirmou, pedindo que sejam aprovadas, rapidamente, novas leis antissismos. Já o Conselho Nacional de Arquitetura reivindicou um plano urgente para a segurança de amplos setores de várias cidades italianas.

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