postado em 12/04/2009 08:43
A imagem de povo sorridente e amável da Tailândia foi abalada ontem durante a 14ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na cidade litorânea de Pattaya, no sul do país. Mais de mil pessoas com camisas-vermelhas, opositores do governo, conseguiram paralisar a reunião de chefes de Estado. Elas quebraram as portas de vidro do hotel onde ocorria o encontro e obrigaram o primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, a finalizar a cúpula. ;Abhisit não representa o povo tailandês porque não foi eleito democraticamente. Exigimos eleições antecipadas;, disse Pichet Suksindatch, um dos partidários do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deposto pelos militares em 2006.
Os 16 governantes tiveram de ser retirados por carros, barcos e helicópteros, e Vejjajiva decretou estado de emergência por seis horas. ;Ninguém ficou ferido depois que a cúpula foi cancelada;, disse o vice-premiê, Suthep Teuaksuan. Por ordem do governo, os soldados estavam desarmados, o que facilitou a ação dos manifestantes. Mesmo assim, alguns ativistas ficaram feridos porque outro grupo ; os camisas-azuis, defensores do premiê ; atacaram os opositores com bombas de fumaça e tijolos, informou o jornal britânico The Guardian.
Os ativistas permaneceram no hotel por mais de uma hora e impediram a passagem das delegações convidadas do Japão, da China e da Coreia do Sul. Eles se reuniriam com os 10 representantes da Asean: Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Vietnã, Laos, Birmânia e Camboja. A cúpula, que começou na sexta-feira, incluía também Índia, Austrália e Nova Zelândia para discutir economia e segurança regional. O premiê chinês, Wen Jiabao, ainda conseguiu se reunir de forma bilateral com seu colega japonês, Taro Aso, para conversar sobre o lançamento de um foguete pela Coreia do Norte no fim de semana passado.
Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tharit Charungvat, o objetivo dos ativistas não era atacar os líderes estrangeiros, mas ;humilhar; o governo. Soldados, jornalistas e assessores foram os convidados de última hora para consumir o buffet preparado para os chefes de Estado. ;O hotel já nos cobrou de qualquer forma%u2026;, resignou-se Suhat Sungchaya, que ajudou o chanceler a organizar o jantar. O menu oferecia vários pratos à base de lagosta e camarão. ;Sinto muito pelos líderes. A Tailândia é famosa por sua comida;, disse o ministro do Interior, Suthanthip Sararith.