postado em 13/04/2009 18:30
Membros da oposição e do governo da Bolívia fecharam um pacto para estabelecer novas regras eleitorais no país, que já devem vigorar nas eleições gerais de dezembro, enquanto buscavam, nesta segunda-feira (13/4), concluir outros acordos no Congresso para aprovar a lei que orientará o pleito - condição estabelecida pelo presidente, Evo Morales, para encerrar sua greve de fome, que já dura cinco dias.
"Os temas mais importantes e nevrálgicos do projeto de lei foram sanados, chegou-se a um consenso, e, neste momento, estamos fazendo uma revisão do texto", indicou Fernando Messmer, deputado do partido opositor Podemos e membro da comissão interpartidária que coordena a elaboração da nova legislatura eleitoral.
Esta manobra será crucial para a posterior aprovação do projeto e, consequentemente, para que Morales encerre a greve de fome que começou na quinta-feira passada.
Enquanto o acordo final se aproxima, o presidente Morales cumpre o quinto dia de greve de fome, para pressionar o Congresso pela aprovação do projeto.
Seu estado de saúde é estável, segundo o médico e ministro da Saúde Ramiro Tapia.
"A situação do presidente é estável, realizamos três exames médicos por dia", informou Tapia, principal responsável pelo monitoramento do estado de Morales.
O presidente boliviano, que decidiu suspender sua viagem para Trinidad e Tobago, onde participaria da Cúpula das Américas, e Caracas, onde iria a uma reunião dos países membros da Alba, manteve quase intacta sua agenda oficial na Casa de Governo nesta segunda-feira.
É esperado que Morales suspenda a greve de fome assim que o Congresso aprovar a nova legislação eleitoral.
Os delegados dos partidos com representação parlamentar continuavam negociando os 84 artigos da lei na noite desta segunda-feira, depois que a Corte anunciou que poderá estipular um novo padrão eleitoral (condição imposta pela oposição), a um custo de 35 milhões de dólares.
O padrão biométrico - impressão digital, fotografia e dados pessoais - será implementado pela primeira vez no país, e estará em vigor no pleito de dezembro, no qual o presidente Morales tentará sua reeleição.
Atualmente, o sistema eleitoral boliviano - utilizado há 15 anos - é totalmente manual.
Além da padronização, a oposição pede que seja revisada a implementação do voto de bolivianos residentes no exterior, assim como a redução das 14 cadeiras previstas para os povos indígenas no parlamento, entre outros pontos.
A oposição acredita que a lei eleitoral, tal como o governo tentava aprovar, dava enormes vantagens a Morales para as eleições do dia 6 de dezembro, na qual buscará adiar o fim de seu mandato para 2015.
A falta de acordo na quinta-feira levou a uma votação confusa, da qual vários congressistas se retiraram em protesto.