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Em livro, ex-refém Clara Rojas diz que amizade com Betancourt ruiu no cativeiro

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postado em 14/04/2009 15:33
A amizade entre Clara Rojas e a ex-candidata presidencial colombina Ingrid Betancourt, que as uniu politicamente e, em última análise, fez com que fossem sequestradas juntas pela guerrilha das Farc, foi ruindo pouco a pouco nos seis anos de cativeiro que compartilharam. É esta a impressão deixada pelos relatos do sequestro contidos nas 250 páginas do livro "Cativa", escrito por Rojas, cuja versão em espanhol foi lançada em Bogotá na noite de segunda-feira (13/4). A ex-refém, que teve um filho quando prisioneira, confirmou esta noção em uma entrevista à AFP, na qual explicou que, baseada na expectativa que tinha na amizade com Ingrid, "eu teria gostado se ela tivesse reagido como uma irmã, talvez". A gravidez de seu filho Emmanuel, cujo parto foi, ao mesmo tempo, o momento mais dramático e mais feliz que viveu nas profundezas da selva colombiana, mostrou que a pessoa que considerava sua amiga incondicional não era quem ela havia idealizado. "Bem-vinda ao clube", foi a seca resposta de Ingrid a Rojas quando ela contou que estava grávida. Emmanuel - que na próxima quinta-feira completa cinco anos - foi fruto de uma relação consentida com um dos guerrilheiros que vigiava o cativeiro, cuja identidade ela jamais revelou ao público. Rojas se queixa não apenas da reação fria, mas também pelo "tom irônico" de sua companheira, destacando que não se tratou de "uma atitude de apoio", ao contrário do que ela esperava. "Para mim, a amizade é um valor essencial. Assim me ensinaram desde pequena", diz Rojas em seu livro. Ela conta que sabia dos riscos de viajar até o povoado de San Vicente del Caguán, no departamento de Caquetá (sul), mas que decidiu ir movida apenas pela amizade que tinha por Ingrid. "Não saberia dizer que aconteceu um fato concreto que rompeu nossa amizade, foi mais um distanciamento progressivo, causado pelas circunstâncias adversas", explica Rojas no capítulo "O desencontro", no qual indica que Betancourt tem um temperamento de acordo com o qual só é possível estar "com ela ou contra ela". Rojas diz ainda que Emmanuel, levado embora do acampamento pelos guerrilheiros com apenas alguns meses de vida e entregue a um camponês, foi o motor que deu forças para que ela conseguisse sobreviver nos seis anos que passou sequestrada. "Eu visualizava como ia ser esse reencontro (...), eu dizia que queria estar da melhor maneira possível para o meu filho, e isso me motivava a ficar melhor", lembra. Ouvida sobre sua reação quando as Farc a separaram de seu filho, Rojas diz: "quase enlouqueci". E explica que o motivo da decisão dos guerrilheiros foram "as disputas" que começaram a surgir entre os reféns por causa do bebê.

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