postado em 14/04/2009 16:58
A Alemanha anunciou, nesta terça-feira (14/4), que suspenderá o cultivo de milho geneticamente modificado do gigante americano Monsanto (MON810), somando-se a outros cinco países europeus que aplicam a mesma medida, apesar da posição contrária da Comissão Europeia.
Motivada por "dois novos estudos" que apontaram "novos elementos científicos", a ministra alemã da Agricultura, Ilse Aigner, decidiu ativar a cláusula de salvaguarda contra o MON810 da empresa americana Monsanto.
"Não se trata de uma decisão política", garantiu a ministra, membro da CSU, braço conservador da CDU, da chanceler Angela Merkel.
"Decidiu-se pelo interesse do meio ambiente (...) fizemos um estudo rigoroso para pesar os prós e contras", declarou a ministra em uma entrevista coletiva.
Com isso, a Alemanha se une à França, à Grécia, à Áustria, à Hungria e a Luxemburgo, último país a proibir o cultivo desse organismo geneticamente modificado (OGM), no final de março, em nome do "princípio de precaução".
Entre os elementos determinantes, o Ministério alemão citou "dois estudos", nos quais Luxemburgo se apoiou e que destacam uma contaminação do meio ambiente por parte do MON810.
Do ponto de vista econômico, a decisão alemã não tem muito peso, considerando-se que, em 2008, cerca de 4.000 hectares haviam sido autorizados, o que equivale a apenas 0,2% da superfície de milho cultivado no país.
A diferença poderá ser em Bruxelas, onde a Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) se propôs a obrigar os reticentes a autorizar o cultivo de MON810.
A Comissão e seu presidente, José Manuel Durão Barroso, sofreram um primeiro golpe no início de março, quando um grupo de países bloqueou a tentativa de obrigar Áustria e Hungria a cultivarem milho transgênico.
O responsável pelas Tecnologias Genéticas no Ministério alemão da Agricultura, Wolfgang Kholer, afirmou que os seis países que rejeitam o OGM da Monsanto são produtores de milho, diferentemente dos países nórdicos e da Grã-Bretanha, que apóiam a Comissão.
Com França e Alemanha no campo dos "antiOGMs", Bruxelas terá problemas para conseguir a maioria qualificada necessária para obrigar os mais teimosos.
De qualquer maneira, parece reinar uma espécie de trégua velada nas instituições europeias sobre o tema, bastante delicado, a poucas semanas das eleições no bloco.
Em Bruxelas, uma porta-voz da Comissão se limitou a dizer que a decisão alemã será "estudada".
A próxima contribuição significativa para o debate será a decisão da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) para renovar a autorização de dez anos da variedade MON810. A EFSA deve dar sua resposta antes do fim do ano.