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Morre o escritor Maurice Druon, membro da Academia Francesa

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postado em 14/04/2009 18:26
O escritor francês Maurice Druon, de origem russa, morreu nesta terça-feira (14/4) aos 91 anos, anunciou a historiadora Helène Carrère d'Encausse, Secretária Perpétua da Academia Francesa, instituição da qual era membro desde 1966. Faleceu em sua casa às 18H00, hora local, informou Carrère d'Encausse. Ligado ao General De Gaulle, Maurice Druon nasceu em Paris, no dia 23 de abril de 1918, tendo entre seus antepassados um bisavô brasileiro, o escritor, jornalista e político maranhense Odorico Mendes (1799-1864), que se tornou célebre pelas traduções de Homero e Virgilio. Durante a Segunda Guerra Mundial combateu no interior da França, ingressando, depois nas forças da Resistência. Deixou a França em 1942, atravessando clandestinamente a Espanha e Portugal para trabalhar nos serviços de informações da chamada "França Livre", em Londres, junto com De Gaulle. Maurice Druon recebeu a Grande-Cruz da Legião de Honra, sendo Comendador das Artes e das Letras e titular de muitas outras condecorações. Seus livros, entre eles "Os Reis Malditos", foram traduzidos para vários idiomas. Compôs com Joseph Kessel o "Canto dos Partidários", musicalizado pela compositora Anna Marly, e que passou a servir de hino aos movimentos da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial. "Era um amigo muito chegado, é uma perda imensa para a Academia", informou Carrère d'Encausse à AFP. "Era a memória da Academia", acrescentou. Recebeu o Prêmio Goncourt (1948) por seu romance "As Grandes Famílias" e diversas outras homenagens pelo conjunto da obra. É conhecido mundialmente por sua única obra infanto-juvenil, "Tistou les pouces verts", "O menino do dedo verde", publicada em 1957, com tradução de Dom Marcos Barbosa. No dia 8 de dezembro de 1966, foi eleito para a cadeira número 30 da Academia Francesa, sucedendo a Georges Duhamel. Foi Secretário Perpétuo dessa instituição, a partir de 1985, mas, em 1999, renunciou à função, cedendo o lugar a Hélène Carrère d'Encausse. Em abril de 1973 foi nomeado Ministro da Cultura francês, no gabinete Pierre Messmer. Conta-se que, ao assumir o cargo, declarou não ter intenções de ajudar com o dinheiro do governo "subversivos, pornógrafos e intelectuais terroristas", motivando uma onda de protestos de milhares de artistas. Por causa disso, chegou a ser chamado de "ditador intelectual".

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