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Brasil e Colômbia advogam por Cuba

Reunidos no Rio, Lula e o colega Álvaro Uribe decidem levar ao encontro continental de governantes a proposta de incluir no fórum a ilha comunista. Guerrilha das Farc pede apoio para negociações

postado em 16/04/2009 08:14
Brasil e Colômbia defenderão na Cúpula das Américas, no fim de semana, que Cuba seja convidada a participar de mais esse fórum do sistema interamericano, depois de ter sido incluída ao Grupo do Rio (que agora reúne toda a América Latina) durante sessão extraordinária realizada em novembro na Bahia. O anúncio foi feito pelo assessor do Planalto para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, após a reunião de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o colega Álvaro Uribe. Garcia acrescentou que o governo brasileiro também se articula para propor a reintegração da ilha à Organização dos Estados Americanos (OEA) na próxima assembléia geral, prevista ainda para este semestre. ;A proposta pode passar fácil;, arriscou o assessor presidencial. ;O presidente Lula vai colocar em pauta na cúpula a aceitação de Cuba. Sua ausência é uma anomalia e esperamos que essa circunstância seja corrigida;, argumentou, para em seguida assegurar que o chefe de Estado visitante dará apoio à iniciativa. ;Uribe está de acordo, porque a Colômbia mantém relações muito fluidas com Cuba;, disse Garcia. O próprio presidente colombiano, falando à imprensa separadamente, foi menos incisivo. ;O presidente Lula é um grande líder regional, nos respeitamos profundamente, mas sobre esse tema não posso antecipar nada;, esquivou-se. Uribe, que nos primeiros seis anos de mandato teve relações preferenciais com o governo de George W. Bush, depende da ajuda militar americana para combater a guerrilha esquerdista e o narcotráfico. O montante dos recursos já foi reduzido para 2009, em razão da crise, mas tanto Barack Obama quanto a secretária de Estado Hillary Clinton afirmaram repetidas vezes que aumentarão as exigências à Colômbia em matéria de respeito aos direitos humanos, particularmente no que diz respeito ao assassinato recorrente de sindicalistas. Conflito armado Reservadamente, fontes diplomáticas e analistas destacaram entre os temas de conversa entre Lula e Uribe os acordos firmados em 2008 sobre controle de fronteiras, um dos focos da nova estratégia que o governo colombiano delineia para um ;assalto final; às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A guerrilha, porém, também tem planos de levar o conflito colombiano para a Cúpula das Américas ; para se contrapor à ofensiva diplomática do governo de Bogotá, que na véspera comemorou uma declaração do presidente venezuelano, Hugo Chávez, pedindo às Farc que aceitem a proposta de Uribe e declarem um cessar-fogo, como prelúdio a um processo de paz. Em comunicado divulgado ontem, o secretariado (alto comando político-militar) da guerrilha pede que eles ajudem na busca de uma solução pacífica para ;o conflito social e armado que flagela a Colômbia;. Em vez do cessar-fogo, propõem como ponto de partida para negociações um acordo humanitário para troca de guerrilheiros presos por duas dezenas de militares que mantêm em cativeiro, a maioria há cerca de 10 anos. Chefão é capturado A visita ao Rio de Janeiro teve sabor especial para Álvaro Uribe, que recebeu lá a notícia da prisão de Daniel Rendón, o Don Mario, considerado o narcotraficante mais poderoso da Colômbia. Aos 43 anos, Rendón é remanescente dos esquadrões paramilitares de ultradireita e sua cabeça valia uma recompensa de US$ 2,1 milhões. Segundo o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, a expectativa é que Washington peça nas próximas horas a extradição de Don Mario, acusado de enviar aos EUA mais de 100t de cocaína, em sociedade com os cartéis mexicanos. ;O presidente acaba de receber a notícia;, afirmou o assessor de imprensa da presidência colombiana, César Mauricio Velásquez, durante o encontro de Uribe com Lula. O presidente colombiano manteve comunicação direta com o diretor da Polícia Nacional, general Óscar Naranjo, para conhecer os detalhes da operação realizada na região de Urabá (noroeste). Pelo menos 315 policiais participaram da captura, em uma área rural do departamento de Antióquia. De acordo com a Justiça da Colômbia, Rendón responde por oito processos, todos por tráfico e atividades paramilitares.

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