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À espera de Obama

Líderes latino-americanos vão a Trinidad e Tobago levar consenso da região pela reintegração de Cuba aos fóruns continentais. Na véspera do encontro, presidente americano volta a conversar com Lula sobre o tema

postado em 17/04/2009 08:18
Os chefes de Estado de 34 países do continente ; todos menos Cuba ; desembarcam hoje em Trinidad e Tobago, para a 5ª Cúpula das Américas, o primeiro encontro de Barack Obama com os colegas latino-americanos desde que chegou à Casa Branca, há pouco menos de 100 dias. Na pauta oficial, os líderes regionais conversarão sobre ;promoção da prosperidade humana, segurança energética e sustentabilidade ambiental;. Mas a crise financeira global pedirá passagem nas discussões, e o embargo norte-americano a Cuba se anuncia como questão central da reunião: a América Latina leva a Port of Spain a posição de consenso de que romper o bloqueio à ilha é o passaporte para Obama se reaproximar da região. Nas últimas semanas, o Brasil foi pivô de articulações discretas, porém intensas articulações diplomáticas que envolveram Havana, Washington e outras capitais do continente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, uma delegação do Congresso americano, o anfitrião da cúpula e colegas como o colombiano Álvaro Uribe para, entre outros assuntos, acertar o tom com que a questão cubana será colocada. Brasil e Colômbia devem propor a inclusão de Cuba no mecanismo, mas tratarão de contornar a pressão da Venezuela, Bolívia, Nicarágua e aliados para que o assunto conste da declaração final. Segundo o Correio apurou com fontes diplomáticas, Cuba saboreia a situação de estar no centro das atenções, mas conta com Lula para evitar que Obama se sinta ;encurralado ou humilhado;. O presidente norte-americano conversou com o colega brasileiro por cerca de 15 minutos, ao telefone, antes de embarcar para o México, a caminho da cúpula. Em entrevista ao canal em espanhol da TV CNN, Obama reiterou o lugar especial que reserva ao governo brasileiro em sua aproximação com o Hemisfério: ;Minha relação com o presidente Lula é que somos dois líderes de grandes países. Estamos tentando resolver problemas e criar oportunidades para nosso povo, e deveríamos ser parceiros;. Também reconheceu que ;os tempos mudaram;, que os EUA não devem ditar normas aos demais sobre como estabelecer suas práticas democráticas, e respondeu indiretamente a Fidel Castro ; em artigo, o ex-presidente cubano minimizou as medidas de alívio do bloqueio anunciadas pelos EUA, reiterou a exigência da suspensão do bloqueio e disse que Cuba ;não pede esmolas;. ;Não esperamos que Cuba nos suplique;, disse Obama. ;O que estamos buscando é algum sinal de que vai haver mudanças.; Bilaterais Lula recebeu 10 pedidos de encontros bilaterais, e Obama, 30. A maioria quer ter pelo menos alguns minutos com o americano, e por isso ele propôs na quarta-feira um encontro com os chefes de Estado e governo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, Roberto Mangabeira Unger, que foi professor de Obama em Harvard, indicou que ;os EUA têm uma oportunidade sem precedentes de sair das pequenas disputas comerciais e construir algo novo na relação com o Hemisfério;. Já a professora de Economia Política Judith Valencia, da Universidad Central da Venezuela (UCV), avalia que o presidente Hugo Chávez e seus colegas da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) deverão usar a ;fórmula da reserva;, que consiste em ;assinar a declaração final expressando diferenças e desacordos sobre aspectos pontuais;. Ela recorda que Chávez usou a reserva por duas vezes: na cúpula em Québec, contra uma cláusula sobre democracia representativa, e no encontro do Grupo do Rio, em maio de 2003, pela mesma razão.

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