postado em 17/04/2009 18:22
Os chefes de Estado e de governo de 34 países das Américas chegaram nesta sexta-feira a Port of Spain para participar da V Cúpula continental, que estará marcada pela questão do embargo dos Estados Unidos a Cuba.
A reunião, vista como o ponto de partida para um novo diálogo entre o Norte e o Sul, deve ser dominada pela questão das relações entre Cuba e Estados Unidos, com vários países da região pedindo a Washington o fim do embargo à Ilha.
A falta de referência ao embargo na declaração final da Cúpula já indignou alguns países, como Venezuela, Nicarágua e Honduras, e fontes ligadas ao encontro afirmam que estes Estados planejam vetar o documento, que normalmente é aprovado por consenso.
Jamais na história das Cúpulas das Américas, que começaram em Miami, em 1994, ocorreu um veto à declaração final por parte de um grupo de países.
De qualquer modo, as fontes acreditam que até domingo haverá tempo para aparar arestas e modificar o texto.
"Tenho a esperança de que chegaremos a um bom acordo (...) Seria uma gravíssima irresponsabilidade de todos não obtê-lo", declarou à AFP o presidente da Guatemala, Alvaro Colom, nesta sexta-feira.
Como gesto de boa vontade, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, anunciou, antes do início da Cúpula, que proporá o fim da resolução que excluiu Cuba da OEA, durante a próxima assembleia da entidade, em junho.
"Minha primeira proposta é que anulemos a resolução de 1962 e vou pedir isto na Assembleia Geral da OEA", explicou Insulza.
Na mesma linha, o presidente Barack Obama suspendeu as restrições a viagens de cubano-americanos a Cuba, assim como o envio de dinheiro à Ilha.
Já o presidente cubano, Raúl Castro, garantiu que seu país está "aberto" ao diálogo com os Estados Unidos, mas em condições de "igualdade".
As declarações de Castro foram recebidas positivamente pela secretária americana de Estado, Hillary Clinton, que admitiu o fracasso da atual política americana para a Ilha.
"Seguimos buscando mais caminhos para avançar porque o presidente Obama, eu e o governo vimos que a política atual para Cuba fracassou".
Os países latino-americanos coincidem em que os Estados Unidos devem acabar com o embargo imposto há mais de quatro décadas, mas apenas a esquerda mais radical, liderada pela Venezuela, deseja exigir isto de Obama em Port of Spain.
Mais cedo, outros países latino-americanos, como Brasil e Chile, defenderam uma reintegração progressiva de Cuba à OEA e o fim do embargo, mas estimaram que Cúpula não é o momento certo para exigir isto de Obama.
Para os Estados Unidos, seria uma "lástima" que a questão cubana ou as tensões entre Washington e alguns governos da região desviassem a atenção dos temas previstos para Port of Spain.
Os 34 líderes do continente, que representam 800 milhões de pessoas, têm uma agenda centrada na prosperidade, na aposta de uma energia limpa e renovável, e na governabilidade democrática.
As possíveis soluções regionais para a crise econômica mundial também ocuparão um lugar fundamental nas discussões.
"Os Estados Unidos estão trabalhando para promover a prosperidade no hemisfério impulsionando sua própria recuperação", disse Obama.