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Durban II: ocidentais criticam declarações de Ahmadinejad contra Israel

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postado em 20/04/2009 15:51
O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad provocou nesta segunda-feira nova polêmica durante o primeiro dia da Conferência da ONU sobre racismo em Genebra, ao lançar declarações agressivas contra Israel que levaram delegados europeus a deixar a sala. Ignorando o pedido pessoal do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que não vinculasse o sionismo ao racismo, Ahmadinejad aproveitou a oportunidade para criticar a criação de Israel que, segundo ele, retirou "as terras de uma nação inteira sob o pretexto do sofrimento judeu". Ele acusou os aliados, após a Segunda Guerra Mundial, de terem "enviado migrantes da Europa, dos Estados Unidos e do mundo do Holocausto para estabelecer um governo racista na Palestina ocupada". "Esforços devem ser feitos para pôr fim aos abusos dos sionistas e de (seus) aliados", insistiu o presidente iraniano, provocando a saída dos 23 representantes europeus da sala sob as vaias dos participantes. Os europeus já haviam manifestado a sua intenção de deixar a sala caso Ahmadinejad fizesse "acusações antissemitas". O discurso do presidente iraniano, que durou mais de 30 minutos em lugar dos sete previstos, também foi perturbado pelos gritos de diversos manifestantes que usavam perucas coloridas e narizes de palhaço, que o chamaram de "racista" antes de serem expulsos pelos guardas da ONU. Essa ação foi reivindicada pela União dos Estudantes Judeus da França (UEJF), que qualificou esta conferência de "mascarada". A ONU criticou com veemência as declarações de Ahmadinejad. "Lamento a utilização desta plataforma pelo presidente iraniano para fazer acusações, dividir e mesmo provocar", declarou Ban Ki-moon. "É profundamente lamentável que meu apelo para que olhássemos para um futuro de unidade não tenha sido ouvido pelo presidente iraniano", acrescentou. O embaixador americano adjunto na ONU, Alejandro Wolff, classificou de "vergonhosas", "execráveis" e "odiosas" as declarações de Ahmadinejad. A República Tcheca, que ocupa a Presidência interina da União Europeia no primeiro semestre de 2009, decidiu se retirar "definitivamente" da conferência em reação às declarações de Ahmadinejad, anunciou em Praga o Ministério tcheco das Relações Exteriores. O presidente francês Nicolas Sarkozy pediu que a União Europeia mostre uma "firmeza extrema" após o discurso do presidente iraniano, que ele classificou de "apelo intolerável ao ódio racista". A Grã-Bretanha "condenou sem reserva" essas declarações "incendiárias", afirmou um porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown. O temor de atitudes antissemitas, reeditando o cenário da conferência de 2001 em Durban (África do Sul), serviu como justificativa para a ausência de vários países ocidentais, como Alemanha, Itália, Holanda e Polônia. Em Durban, os ataques contra Israel haviam provocado a saída de americanos e israelenses. Desta vez, Estados Unidos e Israel se recusaram a participar. Revelando mais uma vez as divisões europeias, França e Grã-Bretanha decidiram no último minuto participar do encontro com seus embaixadores. Este boicote "revela a arrogância e o egoísmo e é a origem dos problemas no mundo", comentou durante uma entrevista coletiva à imprensa Ahmadinejad, o único presidente presente nesta segunda-feira em Genebra. O Brasil também havia se manifestado contrário ao boicote de alguns países a Durban II, considerando a atitude como "inexplicável e inaceitável". "Ausentar-se do processo negociador significa render-se à falta de diálogo. É negar a mudança. É preciso aceitar o pluralismo, tolerar a diferença e respeitar a diversidade", destacou o ministro da Igualdade Racial Edson Santos. Além do "problema Ahmadinejad", a maior parte dos países ocidentais expressou suas dúvidas sobre o projeto de declaração final, elaborada pelos diplomatas. O documento, redigido na sexta-feira pelo comitê preparatório da conferência, não faz menção nem a Israel nem à difamação das religiões, duas "lihnas vermelhas" para os ocidentais, enquanto que o parágrafo sobre a memória do Holocausto foi mantido contra a vontade do Irã. As discussões sobre este texto poderão continuar esta semana para que seja adotado na sexta-feira, último dia da conferência.

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