postado em 22/04/2009 17:07
OTTAWA - O fóssil de um tipo de "foca de quatro patas", apresentado como o elo perdido na evolução de alguns mamíferos terrestres para os animais marinhos carnívoros atuais, foi encontrado no Ártico canadense, anunciou nesta quarta-feira (22/4) uma equipe de cientistas canadenses.
O esqueleto deste animal, de 110 cm de largura do focinho à calda, foi descoberto no local de um antigo lago formado em uma cratera de meteorito na ilha Devon, no território canadense de Nunavut, a 1.500 km do Pólo Norte.
A descoberta, de cerca de 20 a 24 milhões de anos, é o fóssil mais antigo de um pinípede (mamíferos marinhos de vida anfíbia, como as focas, os leões marinhos e as morsas), indicaram os cientistas, cujo relatório será divulgado na quinta-feira na revista Science.
Os cientistas recuperaram 65% do esqueleto desse animal, de crânio parecido com o de uma foca e corpo similar ao de uma nútria, e cuja conservação foi favorecida pelos sedimentos do antigo lago de água doce.
Esta descoberta "mudou nosso conhecimento de como e onde ocorreu a evolução desse animal", disse à AFP Natalia Rybczynski, paleontóloga do Museu da Natureza canadense e chefe da equipe de cientistas.
"Sabíamos que os pinípedes descendiam de um antepassado terrestre, mas não tínhamos ideia de como havia ocorrido essa transição da terra para o mar", indicou.
Segundo a cientista, a descoberta, realizada em 2007, refuta a teoria que prevalecia até agora, segundo a qual as focas eram originárias da costa noroeste da América do Norte.
Também leva a crer que as focas possuem grandes olhos para caçar na escuridão do inverno ártico, e não para enxergar melhor nas profundezas do mar, como se pensava.
A foca de quatro patas foi batizada "Puijila darwini", com a associação de uma palavra que significa jovem mamífero marinho em inuktitut, língua dos esquimós, com o nome do pai da teoria da evolução, Charles Darwin.
Darwin havia mencionado a existência de "uma forma animal de transição entre a terra firme e o mar" em seu livro "A origem das espécies", publicado há 150 anos, destacou a equipe científica em um comunicado.