Mundo

Brasilienses correm às farmácias para comprar máscaras e antivirais

;

postado em 29/04/2009 09:43
Antes mesmo de ser confirmada qualquer suspeita da presença do vírus H1N1 no Brasil, a população do Distrito Federal já está se prevenindo com a compra de máscaras e antivirais. Nas farmácias brasilienses já não é possível encontrar o remédio recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para tratamento da gripe suína, de acordo com levantamento feito pelo Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do DF (Sincofarma). A procura por máscaras descartáveis também aumentou consideravelmente. Uma rede com duas lojas localizadas na rua das farmácias vendeu quase 2 mil máscaras em apenas dois dias. A preocupação não parte só dos brasilienses que vão viajar para o exterior. Alguns já estão comprando para fazer estoque, mas especialistas em medicina sanitária não recomendam a automedicação. A procura pelo Tamiflu, remédio recomendado pela OMS, e pelo Relenza, com propriedades parecidas, começou na segunda-feira, segundo o presidente do Sincofarma, Felipe de Faria. ;Os dois medicamentos acabaram no país todo e não há previsão de chegar mais, porque acabou nas distribuidoras. Houve uma corrida muito grande e são produtos que não temos muito em estoque;, afirma. O gerente de uma farmácia da Asa Sul, Leiva Ribeiro da Costa, estima que cerca de 15 consumidores tenham procurado a drogaria nos últimos dois dias, em busca do Tamiflu. A caixa com 10 comprimidos tem preço fixado em R$ 155,39 na farmácia, que, no entanto, não possui nenhuma unidade do medicamento. De máscaras, foram vendidas pelo menos duas caixas de 50 unidades. ;Ontem, vendemos todas as máscaras para os participantes de um congresso que contava com a presença de mexicanos. As pessoas estão preocupadas;, analisa. A automedicação, no entanto, é criticada pelo médico sanitarista Pedro Tauil, professor da Universidade de Brasília (UnB). ;Essa corrida para comprar o remédio é perigosa. Não temos nenhum caso confirmado no Brasil, então não temos fonte de infecção. As pessoas vão tomar de forma errada e quando precisarmos, se precisarmos, não teremos o remédio no país. Tomar remédio sem necessidade pode causar reações adversas e as pessoas podem aumentar a resistência do vírus ao medicamento, que ainda é eficaz;, avisa. A demanda pelas máscaras é maior entre quem vai viajar. Na farmácia do aeroporto internacional de Brasília, o estoque de quatro caixas não deve durar muito mais. ;Teve gente que levou logo uma caixa;, conta o atendente Valter de Jesus. ;Já vendi máscaras para três pessoas que estavam embarcando para a Espanha. Lá já tem casos confirmados, e isso assusta um pouco as pessoas. Elas preferem garantir logo a proteção;, completa Alla Borgmann, que também trabalha no local. O estoque do remédio indicado para tratar a gripe suína também já se esgotou na farmácia do aeroporto. Apesar de não ter planos de sair do Brasil nos próximos meses, a professora Eliane das Neves, de 54 anos, gastou R$ 75,90 com a compra de uma caixa com 20 unidades da máscara mais reforçada, que custa R$ 3,79 a unidade ; o modelo mais simples é vendido por R$ 0,37. A compra foi uma recomendação da filha médica, que teme que o vírus se alastre pelo Brasil e fique difícil encontrar o produto para proteção. ;Comprei para ter em casa em qualquer emergência. Na minha casa, todos vão tomar vacinas para gripe só por precaução, para aumentar a imunidade;, conta. Muita gente está fazendo como Eliane, segundo Roger Araújo, gerente de uma loja especializada em produtos hospitalares com duas unidades na rua das farmácias. ;Já vendemos 2 mil unidades na segunda e na terça e a procura continua. Só temos mais 200 máscaras no estoque, mas já encomendamos mais. Acho que vamos vender muito neste período, as pessoas querem se prevenir.; Colaborou Raphael Veleda

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação