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Contaminação pela gripe suína dispara em todo o mundo

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postado em 03/05/2009 08:17
Desde a noite de sexta-feira(01/05), o vírus H1N1 ; causador da gripe suína ; mantém um padrão de comportamento preocupante: além de ter se espalhado pelo globo terrestre (já são 16 países de quatro continentes), suas taxas de infecção subiram mais de 65%, passando de 368 para 658 casos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda considera a pandemia iminente e pela primeira vez levantou a possibilidade de que ela já estaria ocorrendo. ;Estamos vendo a doença se disseminar. Nós temos que contar com o risco de que a fase 6 seja alcançada. A esperança é de que ainda não tenha sido;, afirmou Michael Ryan, diretor de Alerta e Resposta Global da OMS, referindo-se à escala de alerta pandêmico da entidade. As ocorrências suspeitas de contaminação também dobraram no Brasil.

O que teoricamente estaria adiando a decretação do nível 6 é o fato de as notificações sobre transmissões sustentadas do vírus se restringirem à América do Norte. ;É tempo para o mundo se preparar e estar pronto;, acrescentou Ryan. Por outro lado, a própria OMS admite que ainda é prematuro especular sobre o grau de virulência do H1N1 e se a gripe suína provocará graves sintomas. Segundo o diretor, os próximos dias na Europa serão determinantes para se ter noção de até que ponto o micro-organismo se propagou. Nas últimas 48 horas, o vírus atingiu a Itália e a Irlanda (caso ainda não reconhecido oficialmente pela OMS) e se expandiu especialmente pelo Reino Unido e pela Alemanha. No fim da tarde de SÁBADO (02/05), a Espanha reconhecia um total de 20 infecções, ainda que a OMS só contabilizasse 15 em seu sistema.

Os Estados Unidos também reportaram aumento no número de casos, de 141 a 160, em 21 dos 50 estados. O presidente Barack Obama promete tomar as precauções possíveis e ignorar meias-medidas diante do avanço do vírus desconhecido. ;Não sabemos por que o H1N1 não foi tão letal em nosso país e essa é a razão pela qual tomamos todas as precauções necessárias, ante a eventualidade de que o vírus assuma forma mais grave;, declarou. ;A boa notícia é que se pode vencer a atual cepa (variante) graças a um tratamento antiviral que temos à nossa disposição. Só tenho grandes esperança e as orações mais ardorosas para ver que todas essas precauções e todos esses preparativos serão desnecessários;, completou.

Pneumonia grave
Em entrevista ao Correio, o canadense Earl Brown, diretor do Centro de Pesquisas de Patógenos Emergentes da Universidade de Ottawa, considerou mais inquietante um fenômeno associado às infecções. ;Há relatos de 2.387 graves casos de pneumonia nas últimas duas semanas no México. São inflamações pulmonares bem raras, com alta incidência de morte;, explicou o infectologista. ;A doença no México está quase restrita a crianças e adultos saudáveis, o que é o oposto do padrão de uma pneumonia ocasionada pela gripe sazonal.;

Segundo Brown, epidemias de pneumonia atípica foram vistas durante a gripe espanhola de 1918 e no surto de Síndrome Aguda Respiratória Severa (Sars), que se espalhou da Índia para 14 países entre 2002 e 2003. A principal sintomatologia dessa intercorrência inclui diarreia, delírio, hemorragia interna, dificuldades respiratórias e choque. O canadense explicou que sequências genéticas foram isoladas de portadores do H1N1 nos EUA e no México. Nessas análises, os cientistas não teriam detectado mutações expressivas. ;É provável que outro vírus circulando na população mexicana a torne suscetível à gripe suína grave.;

O norte-americano Rich Whitley, professor de medicina da Universidade de Alabama em Birmingham, acredita que uma pandemia já está em andamento. ;Suspeito que a OMS vai elevar o nível de alerta em breve;, disse ao Correio. O especialista em virologia clínica tem duas explicações para o aumento no número de casos. ;Uma das hipóteses é de que o sistema de notificação tem se aprimorado. Outra é de que o vírus demonstre eficiência ao infectar as pessoas;, comentou.

As vacinas são feitas em laboratórios dos EUA, do Canadá e da Europa. Os cientistas usam um embrião de galinha infectado pelo H1N1 para obter a matéria-prima. A expectativa é de que o produto fique pronto em seis meses.

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