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Gripe suína faz paralelo com 1918, mas o contexto mudou

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postado em 05/05/2009 19:05
Na primavera de 1918, um telegrama da agência espanhola falava de "uma doença estranha". Madrilenhos apresentavam sintomas como tosse, febre e problemas respiratórios. Mas a agência de notícias tranquilizava: "a epidemia é pouco virulenta". No final do verão, os pacientes começavam a sucumbir. No outono, a gripe espanhola tornava-se a pandemia mais mortífera dos tempos modernos, com 20 a 50 milhões de vítimas em todo o globo. Noventa e um anos mais tarde, a gripe suína de 2009 tem parentesco com o mesmo vírus H1N1 de seu ancestral espanhol. Mas esta nova versão parece menos mortífera, estimam os centros americanos de controle e de prevenção de doenças (CDC). Para o professor Juergen Richt, da Universidade do Estado do Kansas, trata-se de dois "primos afastados". Entre os pontos em comum, os dois vírus se instalaram no organismo de porcos. E apareceram na primavera no hemisfério norte, mais tarde que a gripe sazonal, comenta o professor Lawrence Stanberry, da Universidade Columbia de Nova York. Outra semelhança: os dois vírus parecem atacar de preferência pessoas na força da idade, enquanto que a gripe sazonal escolhe habitualmente suas vítimas entre as crianças ou os mais velhos. Num cenário de catástrofe, o Banco Mundial estima que uma pandemia semelhante à gripe espanhola mataria 71 milhões de pessoas. Mas além dos paralelos, vários especialistas pensam que a tragédia de 1918 foi um caso excepcional, ligado ao contexto da época. O biologista Paul Ewald, da Universidade de Louisville, lembra que os vírus da gripe matam raramente em massa, porque dependem de seu hóspede, na ocorrência entre seres humanos, para sua difusão. Em 1918, a transmissão da gripe espanhola foi facilitada pela circulação no mundo inteiro de soldados doentes ou feridos após quatro anos de guerra mundial. De fato, apesar de seu nome, parece que o primeiro lar da gripe espanhola tenha sido em campos militares na França ou no Kansas, no centro dos Estados Unidos, ou ainda na Ásia. "Um milhão de pessoas provavelmente foram contaminadas na Europa ocidental e depois muitas entre elas se deslocaram pelo mundo inteiro", lembra o professor Ewald. A gripe sazonal mata um doente em 1.000, enquanto que no caso da gripe espanhola, a relação era de um morto para 50 a 100 doentes, lembra ele. No total, a epidemia matou pelo menos duas vezes mais que a Primeira Guerra mundial. O vírus de 2009 não encontrará um terreno tão fértil e vai se dissipar, prevê o especialista, estimando que esta atenuação começa a se manifestar, através da pouca gravidade dos casos constatados nos Estados Unidos. Os meios modernos aceleram, além disso, consideravelmente, o tempo necessário para a produção de uma vacina.

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