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Lugo espera "solidariedade" em Itaipu

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postado em 07/05/2009 08:28
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, chega hoje a Brasília e espera ouvir uma ;proposta solidária; do colega Luiz Inácio Lula da Silva sobre a hidrelétrica binacional de Itaipu. É o que indicou ontem o engenheiro Ricardo Canese, coordenador da delegação paraguaia sobre a questão energética. ;Não esperamos que se resolvam as coisas. Isso é impossível, mas sim que haja um avanço;, disse. Os dois presidentes conversarão sobre vários temas da agenda bilateral, como comércio, infraestrutura, migração e também questões regionais, como Mercosul e Unasul. Mas Itaipu promete ser um prato indigesto no jantar oferecido ao visitante no Palácio da Alvorada, pois as propostas de cada país não se encaixam. Na tarde de ontem, Lula reuniu vários auxiliares no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para apresentar a Lugo uma oferta consistente: os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff; das Relações Exteriores, Celso Amorim; de Minas e Energia, Edison Lobão; e da Fazenda, Guido Mantega. Também participaram da longa reunião, que se estendeu até a noite, os presidentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner; da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Uma fonte do Ministério de Minas e Energia disse ao Correio que o governo brasileiro deve oferecer ao Paraguai uma linha de crédito de US$ 1,4 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para desenvolver a indústria local. Proporá também a construção de uma linha de transmissão entre Ciudad del Este e Assunção e de uma nova ponte em Foz do Iguaçu. Outra ideia é aumentar para US$ 200 milhões o valor pago anualmente ao Paraguai pela cessão de energia de Itaipu ao Brasil ; hoje, o país paga US$ 100 milhões. A sugestão de prorrogar o prazo de pagamento da dívida de US$ 18 bilhões que o Paraguai tem com o Brasil pela construção da usina foi rejeitada de antemão por Canese, em entrevista ao jornal paraguaio ABC Color. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, negou ontem que isso tenha sido discutido. Na segunda-feira, porém, Lobão dissera que o Ministério da Fazenda era contra a proposta de prorrogar a quitação da dívida. Já a delegação paraguaia insistirá hoje que seu excedente de energia possa ser vendido a terceiros países, caso o Brasil não aceite aumentar o preço do megawatt-hora. O Brasil paga atualmente US$ 47 por mw-hora, e o Paraguai pleiteia uma tarifa na casa de US$ 60. No entanto, o Tratado de Itaipu restringe a venda da energia excedente para outros países. O país vizinho também contesta o valor da dívida relativa à construção da hidrelétrica. Chipp expressou na reunião de ontem que os governos devem encontrar alternativas que não signifiquem mudanças no tratado binacional. ;Qualquer coisa que se faça de maneira diferente, tem que modificar o tratado. Então é muito complicado. Isso depende da vontade política dos dois governos;, disse Chipp. ;A possibilidade de sucesso na renegociação de Itaipu é o último fio que segura o governo Lugo hoje;, disse ao Correio Wagner Weber, diretor do Instituto de Estudos Econômicos e Sociais Paraná-Paraguai. O especialista ressaltou que o escândalo sobre ;as paternidades; de Lugo afetou sua imagem política no país e está sendo usada pelo Partido Liberal (oposição) para levá-lo à renúncia.

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