postado em 11/05/2009 12:45
PARIS - O satélite Planck, responsável por estudar a radiação cósmica para a melhor compreensão do início e do destino do universo, e o observatório Herschel, que estudará a formação das estrelas, serão lançados na quinta-feira pela Agência Espacial Europeia (ESA) da base de Kuri, na Guiana Francesa.
A ESA afirma que os dois são os satélites astronômicos mais sofisticados já construídos, e que permitirão "revolucionar o conhecimento do cosmos".
Os dois satélites serão lançados com um foguete Ariane 5 e devem se separar pouco depois para viajar de modo separado até um ponto de estabilidade gravitacional a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, na direção contrária ao Sol.
Neste ponto, além da órbita da Lua, encontrarão um ambiente termicamente estável, próximo ao zero absoluto (-273,15°C), longe dos problemas provocados pelo calor ou a sombra da Terra.
O satélite Herschel, de 7,5 metros de altura e quatro metros de comprimento, é o maior telescópio de infravermelho lançado até hoje, com um espelho primário de 3,5 metros de diâmetro que observará estrelas que até agora estavam fora do alcance por sua distância. "Ainda compreendemos muito mal como se formam as estrelas", afirma o diretor do Instituto de Astrofísica de Paris, Laurent Vigroux.
Os três instrumentos embarcados a bordo do Herschel utilizarão a radiação infravermelha distante e submilimétrica para detectar os corpos celestes mais frios e que liberam menos energia.
Pacs e Spire, as duas câmaras de bolômetros a bordo do Herschel, registram ínfimas variações de radiação eletromagnética. Como o Hifi, o espectrômetro de alta resolução dedicado à química do universo, estão instaladas em um ambiente de hélio, para manter uma temperatura próxima ao zero absoluto.
"O frio é indispensável, já que com o aquecimento, os instrumentos emitem radiações e perturbam as medidas", explica Jean Dauphin, diretor de observação da Terra da divisão espacial do grupo europeu aeronáutico e espacial EADS.
A duração de vida prevista para o Herschel é de no mínimo três anos, tempo durante o qual várias equipes de astrônomos de todo o mundo compartilharão o tempo de observação.
Já o satélite Planck tem por objetivo estudar as variações da ordem de um milionésimo de grau da irradiação fóssil do universo, uma luz emitida 380 mil anos depois de seu nascimento.
Uma vez estabelecido o gráfico de flutuações desta irradiação, também chamada de fundo cosmológico difuso, deve permitir fazer avançar o conhecimento da geometria do universo, o ritmo de sua expansão e, a longo prazo, seu eventual recolhimento sobre si mesmo (Big Crunch), a natureza e a quantidade de matéria negra.
O Planck, cujo tempo de vida previsto é de 15 meses, "está no limite entre a cosmologia e a física fundamental", destaca Jean-Loup Puget, do Instituto de Astrofísica Espacial de Orsay (França).
O custo das missões é um bilhão de euros para o Herschel e 600 milhões de euros para o Planck, incluindo o lançamento e as operações, segundo a ESA.
O Planck é o resultado de uma colaboração entre a Nasa e a Agência Espacial Europeia e observará em um ano o que seu antecessor WMPA teria conseguido em 450 anos.