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Papa defende uma Palestina soberana e o fim do embargo em Gaza

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postado em 13/05/2009 09:13
BELÉM - O Papa Bento XVI expressou nesta quarta-feira (13/5) o apoio a uma pátria soberana dos palestinos, a quem pediu que não cedam à tentação do terrorismo, em um discurso durante a visita a Belém, na Cisjordânia. Também defendeu o rápido fim do embargo imposto por Israel à Faixa de Gaza, controlada pelo movimento radical Hamas, em uma missa celebrada diante da basílica da Natividade, um dos templos mais importantes para os católicos. "Tenham a coragem de resistir a qualquer tentação de recorrer a atos de violência ou de terrorismo: pelo contrário, transformem isto que têm vivido em algo que renova sua determinação de construir a paz", declarou o Papa ao chegar a Belém, situada nos territórios ocupados por Israel desde 1967. "Façam que tudo isto se transforme em uma duradoura contribuição para o futuro da Palestina, para que possa ter seu espaço justo no cenário mundial", declarou o pontífice durante a cerimônia de recepção do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. O Papa também manifestou um firme apoio a uma pátria palestina soberana. "Senhor presidente, a Santa Sé apoia o direito do povo a uma pátria palestina soberana na terra de seus ancestrais, segura e em paz com os vizinhos, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas". "Atualmente este objetivo está longe de ser alcançado, eu os convido com força a manter a chama da esperança, a esperança de que se pode encontrar o meio de satisfazer as legítimas aspirações, tanto de israelenses como de palestinos, a paz e a estabilidade", completou. O presidente da Autoridade Palestina aproveitou a oportunidade para denunciar a ocupação israelense. "Nesta terra santa há pessoas que continuam construindo muros de separação, ao invés de pontes, e que tentam obrigar muçulmanos e cristãos a deixar o país", afirmou Abbas. "Já é hora de acabar com o sofrimento na Terra Santa e de que se instaurem a paz e a estabilidade", completou. Mais tarde, durante a missa em Belém, o Papa afirmou para 8 mil pessoas reunidas diante da igreja da Natividade que reza para a rápida suspensão do embargo em Gaza. "Aos peregrinos devastados pela guerra, peço que transmitam a seus familiares e a suas comunidades que os guardo em meu coração e minha tristeza pelas perdas que sofreram, pelas dificuldades e os sofrimentos padecidos", disse o Papa. Israel executou uma ofensiva, de 27 de dezembro a 18 de janeiro, contra a Faixa de Gaza que matou 1.400 palestinos. A meta era impedir os disparos de foguetes contra o território israelense. O Estado hebreu bloqueia Gaza desde junho de 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território. Cisjordânia - administrada pela Autoridade Palestina, rival do Hamas - e Gaza integram os territórios ocupados por Israel depois da guerra dos Seis Dias de 1967. Para chegar a Belém, o Papa teve que cruzar o polêmico muro de separação construído por Israel na Cisjordânia. Na homilia, Bento XVI convidou os palestinos a não ter medo, mesmo nas situações humanas mais obscuras e desesperadas. "Os palestinos não precisam apenas de estruturas econômicas e políticas, mas também de algo ainda mais importante, uma nova infraestrutura espiritual", completou.

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