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Turismo sofre o impacto da gripe suína

Em agências do DF, cancelamento de viagens para o México, onde começou a epidemia, chegou a até 90% recentemente. Cancún, antes um dos destinos mais procurados, é trocada por outras praias

Se depender do turista brasiliense, destinos como Cidade do México e Cancún continuarão às moscas até o próximo mês. Assim como em todo o país, agências de viagem do Distrito Federal ainda recebem pedidos de cancelamento ou adiamento de pacotes agendados para maio e junho por conta do medo da nova gripe. Viagens a turismo para os Estados Unidos, onde mais de 3 mil casos foram confirmados, também começaram a ser adiadas, mas em uma escala bem menor do que para o México. A preocupação do setor com o impacto da gripe será um dos principais temas do Congresso Mundial de Turismo, que reúne empresas e grupos hoteleiros de 40 países a partir de hoje em Florianópolis. ;Para o México, os cancelamentos chegaram a 90% nas últimas semanas. As viagens que ocorreriam em maio e junho, então, foram praticamente todas canceladas;, destaca Marcelo Rhormens, gerente da regional Centro-Oeste da operadora MMT GapNet. Segundo Rhormens, que atende mais de 100 agências de viagem em Brasília, Goiânia e Anápolis, o impacto foi ainda mais significativo porque cerca de 15 dias antes de surgirem os primeiro casos da gripe no México as agências haviam feito promoções que aumentaram muito a demanda por destinos como Cancún. ;Quem não podia adiar ou simplesmente desistir da viagem, como os casais em lua de mel, trocou o destino para Porto de Galinhas, Aruba;, revela. O diretor de Marketing da Interline Turismo, Amantino Teixeira, ressalta que, logo após a confirmação das primeiras mortes pela gripe A (H1N1), houve correria para cancelar pacotes para o México. ;Foi um caos. Cancún é um destino campeão de vendas e, para nós, foi um baque muito grande;, relata Teixeira. O problema principal, segundo ele, é ter de cancelar, individualmente, todos os serviços já contratados: passagens aéreas, hospedagem, traslado, passeios. ;Além disso, há algumas situações, principalmente em viagens para o exterior, em que a agência paga adiantado;, justifica. Transtorno Para os consumidores, a dor de cabeça não foi menor. Com férias programadas havia mais de um ano e pacote comprado havia um mês para os Estados Unidos, a servidora pública Érika Bragança Santos, 27 anos, desistiu de viajar sete dias antes da data do embarque. A agência de viagem, no entanto, cobrou uma multa de 75% do valor total do pacote pelo cancelamento. ;Eu entreguei uma carta pedindo a rescisão do contrato com uma semana de antecedência e eles não me deram nenhum posicionamento;. Érika então tomou a decisão de recorrer à Justiça do DF para suspender os pagamentos e receber a multa de volta. Aconselhada pelo Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), ofereceu 25% do valor do pacote como caução para conseguir sustar os cheques e obteve a liminar. ;Para mim, suspender a viagem foi uma frustração muito grande, porque já estava programando havia um ano. Mas eu escolhi minha saúde. Também não queria correr o risco de pagar caro e ter de ficar lá em observação;, conta. Durante 20 dias, Érika visitaria Nova York, San Francisco e Seattle com a mãe, Miriam. No entanto, outras operadoras, como a CVC, minimizam os impactos da gripe sobre os destinos mais afetados. Apesar de as agências confirmarem o cancelamento ou adiamento de viagens para o México, a empresa informa apenas que tem sido mais consultada por clientes com dúvidas sobre possíveis multas na remarcação dos pacotes. O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem do Distrito Federal (Abav-DF), João Zisman, admite que houve uma ;redução significativa; na venda de viagens para o México ; reação que considera normal em uma situação como esta. ;É natural que se pare a procura. Ninguém vai tentar buscar um destino que esteja com qualquer tipo de sinal (de um surto);, diz. Zisman, no entanto, considera que o impacto causado pela possível pandemia no setor brasileiro é bem menor que o causado pela crise financeira internacional. Ouça Érika Santos contando os motivos que a levaram a cancelar a viagem