postado em 14/05/2009 09:41
ROMA - A Itália deu três barcos à Líbia nesta quinta-feira (14/5) como parte de um acordo conjunto para interromper o fluxo de imigrantes ilegais na costa italiana. Roma, que trabalha para enfrentar a imigração ilegal, pressiona a Líbia a patrulhar melhor seu litoral, a fim de prevenir a ida quase diária de embarcações lotadas de imigrantes africanos em busca de uma vida melhor na Europa.
O ministro do Interior, Roberto Maroni, comandou uma cerimônia na cidade portuária italiana de Gaeta, para entregar os três primeiros botes à Líbia. Outros três seguirão para os líbios nas próximas semanas, segundo o ministério. Os barcos serão usados em águas internacionais.
A administração do primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi faz do combate à imigração ilegal sua prioridade. A política é uma bandeira da Liga Norte, um partido contrário à imigração, membro da coalizão governista. Pesquisas indicam que muitos italianos vinculam a criminalidade à imigração. O governo pressiona por um pacote de legislação com o Parlamento, que permite multar imigrantes ilegais em até 10 mil euros (US$ 13,670). A lei também prevê prisão para pessoas que alugam casas para imigrantes ilegais. Outra medida prevista é a criação de patrulhas de cidadãos comuns para evitar crimes.
As medidas aprovadas ontem na Câmara dos Deputados necessitam de aprovação do Senado, onde os conservadores de Berlusconi têm sólida maioria. A Itália começou recentemente a enviar navios com imigrantes de volta à Líbia, após interceptá-los em águas internacionais, sem mesmo avaliar seus pedidos de asilo. A ação gerou críticas da agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), do Vaticano e de grupos de direitos humanos. O presidente italiano, Giorgio Napolitano, advertiu hoje contra o que ele qualificou como "uma retórica pública que não hesita em incorporar tons intolerantes e xenófobos".