postado em 14/05/2009 15:52
A presidente democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, acusou o governo norte-americano de George Bush de ter enganado o Congresso sobre o uso da tortura e se defendeu das acusações de cumplicidade na utilização dessas técnicas de interrogatório.
"O governo induziu o Congresso a cometer erros em cada etapa. Essa é a verdadeira questão", declarou Pelosi à imprensa, exigindo a criação de uma "comissão da verdade" para que esse período seja esclarecido.
Pelosi, importante aliada do presidente Barack Obama, foi acusada na semana passada pela oposição republicana de saber desde 2002 das técnicas de interrogatório utilizadas contra os suspeitos de terrorismo e de não ter protestado, apesar de fazer parte da comissão dos serviços secretos.
"Trata-se de uma manobra de distração para retirar dos holofotes aqueles que criaram e executaram essa política à qual todos nos opusemos durante muito tempo", insistiu Pelosi, que pediu que a CIA publique o resumo dos relatórios distribuídos aos parlamentares naquela época.
A presidente da Câmara de Representantes indicou que em setembro de 2002 foi informada pela CIA da utilização de técnicas de interrogatório como a simulação de afogamento (submarino). Mas naquele momento os serviços secretos explicaram a ela que os conselheiros jurídicos do presidente Bush haviam chegado à conclusão de que esses métodos eram legais, embora não fossem utilizados.
A CIA admitiu o uso de técnicas de tortura durante uma reunião parlamentar em fevereiro de 2003, acrescentou Pelosi, que reconheceu não ter assinado uma carta de protesto à CIA escrita por um colega democrata.
"Isto não me torna cúmplice", declarou Pelosi, ao considerar "que nenhuma carta ou outra coisa teria impedido eles de fazer o que faziam".
A utilização da tortura durante o governo Bush é objeto de uma polêmica crescente desde que o presidente Obama proibiu essas práticas de interrogatório ao chegar ao poder.