postado em 18/05/2009 08:22
COLOMBO - O Exército do Sri Lanka declarou nesta segunda-feira (18/5) vitória definitiva no conflito de quase quatro décadas contras os tigres tâmeis e anunciou a morte dos principais chefes desta guerrilha separatista, considerada há alguns anos a mais poderosa do mundo.
"Todas as operações militares chegaram ao fim com a captura do último reduto", afirmou o comandante do Exército cingalês, o tenente-general Sarath Fonseka, depois que suas tropas se apoderaram da última faixa de território sob controle rebelde. "Declaramos todo o país livre do terrorismo. Mais de 250 corpos de terroristas estão espalhados neste último reduto", completou.
O comunicado marca o fim de um dos conflitos mais antigos e mais brutais da Ásia, que provocou mais de 700 mil mortes em combates, atentados e assassinatos. Os Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE) surgiram no início dos anos 70 e uma década mais tarde iniciaram uma guerra por todos os meios para obter um Estado tâmil independente.
A declaração de vitória foi feita pouco depois de fontes militares, que pediram anonimato, terem anunciado a morte do líder supremo dos tigres, Velupillai Prabhakaran, na última ofensiva.
O Exército havia anunciado mais cedo a morte na mesma região dos dois sucessores do líder dos separatistas tâmeis. Velupillai Prabhakaran fundou e comandava desde 1972 os LTTE. Segundo fontes militars, Prabhakaran faleceu quando tentava fugir do reduto separatista ao lado dos dois auxiliares.
Uma fonte da presidência cingalesa declarou que Velupillai Prabhakaran morreu nesta segunda-feira e que o presidente do país, Mahinda Rajapakse, fará um pronunciamento a respeito nas próximas horas. O Exército já havia encontrado o corpo do filho do líder rebelde tâmil, Charles Anthony, de 24 anos, no território em que os rebeldes estavam encurralados.
Também morreram o líder da ala política do grupo, B. Nadesan, e o chefe do secretariado de paz do LTTE, S. Puideevan. "Com a morte de Prabhakaran e seus dois auxiliares, Pottu Amman e Soosai, eliminamos toda a direção dos terroristas", afirmou o canal de televisão do governo ITN.
Os Tigres Tâmeis anunciaram no domingo o abandono dos combates contra o Exército, admitindo assim a derrota após 37 anos de conflito. Na terça-feira, o presidente Rahapakse deve proclamar oficialmente o fim de 37 anos de guerra separatista no Parlamento.
A vitória do governo cingalês aconteceu ao custo de milhares de vidas inocentes em bombardeios indiscriminados, segundo a ONU. Respresentantes da defesa dos direitos humanos querem uma investigação por crimes de guerra. A Cruz Vermelha, única organização neutral autorizada a entrar na zona de conflito, descreveu uma "catástrofe humanitária inimaginável".
A União Europeia (UE) pediu a abertura de um processo político, com a inclusão de todas as partes, com base no consenso, igualdade e Estado de direito. Os separatistas tâmeis foram uma das guerrilhas mais temidas e mais bem organizadas do mundo e chegaram a comandar de fato um mini Estado que incluía um terço do país, até que há dois anos o Exército iniciou uma vasta ofensiva.
Segundo analistas, a guerra no Sri Lanka, antigo Ceilão, com população de 20 milhões de pessoas, sendo 75% de cingaleses budistas, se explica pelo ressentimento que estes sentem em relação à minoria tâmil, favorecida pela antiga colônia britânica até a independência de 4 de fevereiro de 1948.