postado em 22/05/2009 18:42
WASHINGTON - Os Estados Unidos propuseram ao governo cubano o reinício das conversações sobre questões migratórias, quase seis anos após a suspensão das negociações, informou nesta sexta-feira à AFP uma funcionária do departamento de Estado.
"Oferecemos a retomada das conversações sobre migração" nesta sexta-feira a responsáveis do bureau de interesses cubanos em Washington, revelou a funcionária, que pediu para não ser identificada.
Se Cuba aceitar retomá-las, "temos a intenção de utilizá-las para reafirmar o compromisso de ambas as partes sobre uma migração legal e ordenada, e para revisar as recentes tendências de migração ilegal cubana para os Estados Unidos".
Washington e Havana mantiveram conversações sobre migração até dezembro de 2003, quando foram suspensas pelo governo de George W. Bush.
Na ocasião, a administração Bush acusou o regime castrista de impedir a saída de cubanos que haviam obtido permissão para emigrar aos Estados Unidos, e de não aceitar a volta de cubanos que considerava perigosos, entre outros motivos.
Este novo gesto do governo de Barack Obama em direção a Cuba ocorre após a histórica suspensão, em 13 de abril passado, das restrições sobre viagens e envio de dinheiro à Ilha.
Ao menos 3.700 cubanos tentaram chegar aos Estados Unidos entre outubro de 2008 e março deste ano, segundo os serviços de fronteira dos EUA.
Os cubanos que conseguem entrar no território americano podem obter o status de residente legal nos EUA, graças a uma lei vigente desde 1966.
Apesar da ausência de conversações diretas sobre o tema migratório entre Washington e Havana, os cubanos podiam participar do programa que concede 20 mil vistos anuais para entrar legalmente nos Estados Unidos.
Em novembre de 2007, o governo Bush aprovou um programa de reunificação familiar, para tentar colocar ordem no fluxo de cubanos pelo estreito da Flórida.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o reforço dos controles de fronteira contribuiu para reduzir a entrada de cidadãos cubanos nos EUA.
Durante quatro décadas, a migração foi praticamente o único tema de discussão direta entre Cuba e Estados Unidos, por meio de seus respectivos escritórios de interesses.