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Coreia do Norte anuncia novo teste nuclear

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postado em 25/05/2009 08:50
SEUL - A Coreia do Norte anunciou nesta segunda-feira (25/5) ter realizado com sucesso um novo teste nuclear. A nação de Pyongyang ameaçou executar novos testes, sem levar em consideração as pressões internacionais que tentam obrigar o regime a renunciar às ambições atômicas. Pyongyang mencionava a ameaça de represálias - incluindo um novo teste nuclear - desde que no mês passado. O Conselho de Segurança da ONU já havia condenado o lançamento de um foguete de longo alcance que sobrevoou o Japão no início de abril. "A República Democrática e Popular da Coreia (RDPC) realizou com êxito um novo teste nuclear subterrânero em 25 de maio, como parte das medidas destinadas a reforçar suas capacidades de dissuasão nuclear", afirma uma nota da agência oficial do regime KCNA. Pyongyang ameaçou ainda realizar mais testes, caso os Estados Unidos prossigam com o que chamou de "política de intimidação", afirmou um funcionário da embaixada norte-coreana em Moscou. Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e União Europeia manifestaram grande preocupação, assim como Coreia do Sul e Japão. O presidente americano Barack Obama condenou o que considerou "uma ameaça para a paz" e pediu uma "ação da comunidade internacional". "Estas ações, que não são uma surpresa dadas as declarações e as ações até este momento, são um tema grave que envolve todas as nações", afirmou Obama em um comunicado divulgado pela presidência. "As tentativas norte-coreanas de desenvolver armas nucleares, assim como seu programa de mísseis balísticos, constituem uma ameaça para a paz e a segurança internacional", completa a nota. Reunião O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira em Nova York às 16h locais (17h de Brasília), anunciou o chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov. A reunião de emergência foi pedida pelo embaixador japonês nas Nações Unidas para impor novas sanções a Coreia do Norte. "É um ato intolerável", denunciou o ministro das Relações Exteriores do Japão, Hirofumi Nakasone, em Hanói, onde se reuniu com o colega sul-coreano Yu Myung Hwan, e afirmou que Tóquio adotará medidas severas. A União Europeia (UE) se declarou "muito perturbada" com o anúncio de Pyongyang. O chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, considerou o teste um "ato irresponsável", que merce uma resposta firme da comunidade internacional". "Condeno o teste nuclear executado hoje pela Coreia do Norte. Este ato é uma violação flagrante da resolução 1718 do Conselho de Segurança da ONU", declarou Solana. O teste nuclear anunciado pela imprensa estatal norte-coreana "é uma grave ameaça para a paz e a estabilidade na península da Coreia e no nordeste da Ásia, além de um grave desafio ao regime internacional de não proliferação", afirmou o porta-voz da presidência sul-coreana, Lee Dong-Kwan. Uma fonte do ministério russo da Defesa, citada pela agência Interfax, confirmou que a Coreia do Norte realizou um teste subterrâneo. Segundo funcionários do governo sul-coreano um tremor foi registrado na cidade norte-coreana de Kilju, onde Pyongyang já havia executado o primeiro teste atômico da história do país em 2006. O Instituto dos Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS) detectou um "episódio sísmico" de 4,7 graus na escala Richter às 9H54 locais (21H54 de Brasília, domingo), 375 quilômetros ao nordeste de Pyongyang e a uma profundidade de apenas 10 quilômetros. A potência do teste nuclear foi de 10 a 20 quilotons, segundo o ministério russo da Defesa. "Em 25 de maio às 04H54 minutos e 41 segundos, os serviços de controle especiais do ministério da Defesa registraram na Coreia do Norte uma explosão subterrânea de potência entre 10 e 20 quilotons", declarou o porta-voz do ministério, Alexander Drobichevski. Em 2006, o ministério russo da Defesa calculou a potência do primeiro teste nuclear norte-coreano entre 5 e 15 quilotons. Estados Unidos, China, Japão, Rússia e Coreia do Sul iniciaram em 2003 negociações com a Coreia do Norte para tentar persuadir o regime comunista de Pyongyang a abandonar o programa nuclear, em troca de uma ajuda no setor energético. Em 2007 as partes assinaram um acordo, segundo o qual Pyongyang desmantelaria as instalações nucleares, mas o mesmo nunca foi concretizado. Atualmente as conversações estão bloqueadas, suspensas por Pyongyang.

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